"Nós estamos numa situação difícil, ela é particularmente difícil para o PSD e percebo que alguns dirigentes do PSD estejam zangados e neste quadro, numa reunião partidária, possam fazer declarações que não sejam, na opinião, as mais felizes, mas temos que saber contextualizar e seguir em frente, sem dar excessiva importância a algumas declarações que vamos ouvindo", desvalorizou.
Pedro Nuno Santos falava aos jornalistas na sede nacional do PS, Lisboa, após o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciar que marcará eleições legislativas antecipadas para o dia 18 de maio, na sequência da queda do Governo PSD/CDS-PP.
Questionado sobre as declarações, feitas na quarta-feira à noite, pelo deputado do PSD e presidente da Assembleia da República, durante o Conselho Nacional do partido, considerando que Pedro Nuno Santos fez "pior à democracia em seis dias do que André Ventura em seis anos", o líder do PS recusou que esteja criado um conflito institucional.
Pedro Nuno Santos disse que o PS "respeita as instituições" e sabe "muito bem da importância dos diferentes níveis de poder do regime democrático conseguirem dar-se bem".
"E, portanto, do ponto de vista institucional não há nenhuma mácula, nem do ponto de vista pessoal. As coisas são como são", afirmou, acrescentando que compreende "o sentimento de zanga, de frustração de quem ganhou as eleições há um ano e ao fim de um ano vai a novas eleições".
Contudo, avisou, "o PSD só se pode queixar de si próprio": "A responsabilidade por esta crise não é do PS, não é minha, não é de nenhum partido da oposição, nem é sequer da comunicação social", atirou.
Quanto ao contributo que dará para a campanha eleitoral, o líder do PS disse que pretende "não alimentar nenhuma polémica" porque o momento atual "já é suficientemente complexo e difícil".
"Temos que seguir em frente, temos que discutir os problemas do país e também uma forma de estar na vida e de estar na política que seja ética e transparente", insistiu.
Segundo fontes presentes no Conselho Nacional do PSD de quarta-feira, que decorreu à porta fechada, e salientando falar na qualidade de militante e não na de presidente da Assembleia da República, o antigo ministro da Justiça considerou que a polémica das últimas semanas sobre a empresa Spinumviva, atualmente detida pelos filhos de Luís Montenegro, "é uma questão de regime".
José Pedro Aguiar-Branco disse não considerar normal que um deputado possa definir o que é um valor justo para serviços prestados por uma empresa, que "um líder de um partido fundador da democracia" possa dizer o que se pode ou não fazer fora da política ou que um deputado se possa "substituir à Polícia Judiciária ou ao Ministério Público, para perseguir outros deputados, ministros ou primeiros-ministros".
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