"É possível acabar com a corrupção e, por isso mesmo, o BE avançará assim que esteja no parlamento [regional] com uma proposta de revisão do Estatuto Político-Administrativo [da Madeira], onde se vá no sentido de garantir que o regime de incompatibilidades e impedimentos que já existe a nível nacional seja estendido aos titulares de cargos políticos na nossa região", revelou o cabeça de lista bloquista às eleições regionais antecipadas, Roberto Almada.
O candidato, que escolheu hoje o exterior do parlamento da Madeira, no Funchal, para fazer campanha, salientou que a aprovação desse regime será "o primeiro passo para acabar com a corrupção entre a política e os negócios" no arquipélago.
"É preciso acabar com tudo aquilo que tem existido de mau entre a política e os negócios, os negócios mal explicados, os negócios que favorecem aqueles que efetivamente cresceram à sombra deste regime", insistiu, lembrando que há membros do atual Governo Regional, nomeadamente o presidente do executivo, o social-democrata Miguel Albuquerque, que estão envolvidos em investigações judiciais.
"Muitos desses atos que estão a ser investigados são atos que foram praticados entre os detentores de cargos políticos e os detentores de empresas na nossa região", acrescentou Roberto Almada, considerando que não se pode continuar a aceitar que existam deputados "que votam leis num dia, que no dia seguinte os vão beneficiar enquanto empresários ou então enquanto detentores de muitos dos negócios com o Governo da Região Autónoma da Madeira".
O candidato do BE, que depois de em 2023 ter sido eleito deputado nas regionais realizadas em setembro, falhou a reeleição nas eleições antecipadas de maio de 2024, responsabilizou PSD por ainda não existir um regime de incompatibilidade e impedimentos que abranja os titulares de cargos políticos na Madeira, reforçando que se trata de "uma questão fundamental para evitar a corrupção e a promiscuidade entre a política e os negócios".
"Só assim podemos acabar com a corrupção, combater a corrupção, combater esta nuvem negra que paira sobre a nossa região e garantir que os políticos não continuam a ter situações pouco claras e que nada dignificam a nossa região e a política propriamente dita", disse.
As legislativas da Madeira, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem no dia 23, com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, -- e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS-PP dois. PAN e IL têm um assento cada e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).
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