Grávida "empurrada de serviço em serviço". Esperou 3h em ambulância

A mulher, grávida de gémeos, foi inicialmente ao hospital do Barreiro, mas terá, segundo a unidade de saúde, assinado "alta à sua responsabilidade e contra parecer médico". Já em casa, devido às complicações, teve de ser acionado o 112 e a ambulância esteve três horas à espera de resposta sobre o hospital de destino.

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Márcia Guímaro Rodrigues
17/04/2025 18:56 ‧ há 2 dias por Márcia Guímaro Rodrigues

País

Saúde

Uma grávida de gémeos foi "empurrada de serviço em serviço" após terem sido detetadas complicações durante uma consulta no Hospital Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, na quarta-feira. O caso foi denunciado pela Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Pré-hospitalar (ANTEPH), que afirmou que a grávida foi aconselhada a ir para casa e ligar para a linha SNS 24, mas o hospital tem uma versão diferente e garantiu que a mulher "assinou alta à sua responsabilidade e contra parecer médico".

 

Segundo denunciou a ANTEPH, já em casa, a mulher esteve três horas à espera numa ambulância até ser encaminhada para outra unidade hospitalar.

De acordo com a ANTEPH, a grávida, de 24 semanas, apresentava "complicações significativas" e dirigiu-se ao hospital do Barreiro, onde foi aconselhada a regressar a casa e a contactar a linha SNS 24, uma vez que o Hospital Nossa Senhora do Rosário era "incapaz de lidar com a situação".

Posteriormente, denuncia a ANTEPH num comunicado citado pelo Jornal de Notícias, já em casa, na Moita, a mulher foi aconselhada a deslocar-se ao Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa. Devido à "gravidade da situação e à impossibilidade da utente se deslocar pelos próprios meios" foi acionado o 112.

A ambulância chegou pelas 11h40 e, após avaliação clínica, a equipa permaneceu no local durante quase três horas, até às 14h20, a aguardar uma decisão do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) sobre o hospital de destino.

Durante esse período, foi considerada a hipótese de transportar a grávida para Coimbra, a mais de 230 quilómetros. No entanto, a escolha acabou por recair sobre a Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa. 

Para a ANTEPH, "este episódio levanta sérias preocupações quanto à articulação entre os diferentes serviços do SNS, nomeadamente hospitais, Saúde 24 e os CODU do INEM, no acompanhamento de casos urgentes envolvendo grávidas com complicações e outras emergências". 

Hospital do Barreiro nega ter mandado grávida para casa: "Assinou alta à sua responsabilidade e contra parecer médico"

Contactado pelo Notícias ao Minuto, a Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho (ULSAR) afirmou que a informação divulgada "não corresponde à verdade dos factos" e explicou que a grávida foi "observada" no hospital do Barreiro "em contexto de consulta de alto risco obstétrico".

"Na sequência da avaliação clínica e ecográfica, a grávida apresentava risco elevado de parto pré-termo. Foram iniciados contactos telefónicos para a transferência da grávida para um hospital com unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, considerando a grande prematuridade", indicou o Conselho de Administração da ULSAR, indicando, contudo, que "a grávida recusou a transferência, alegando a necessidade de resolver problemas familiares no domicílio"

Após ter sido "informada dos riscos", a grávida decidiu assinar "alta à sua responsabilidade e contra parecer médico", tendo sido aconselhada pelos profissionais de saúde a, "assim que possível, contactar a linha SNS24", devido ao "risco de grande prematuridade e a necessidade de ser encaminhada para uma unidade hospitalar com cuidados neonatais diferenciados".

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que não confirmou o tempo de espera de cerca de três horas, adiantou à agência Lusa que "o pedido foi recebido no CODU através do SNS24", tendo sido acionados os Bombeiros Voluntários de Alcochete.

"Após avaliação da grávida, verificou-se que não estavam reunidas as condições clínicas necessárias ao transporte para Coimbra, onde existia vaga de neonatologia", referiu ainda o INEM, ao avançar que, posteriormente, foi "coordenado com a Direção Executiva do SNS o transporte da grávida para a Maternidade Alfredo da Costa".

"Situações como esta são inadmissíveis num Estado de Direito Democrático, pelo que deverá ser produzida uma profunda auditoria ao Sistema Integrado de Emergência Médica", que inclua um estudo do impacto dos serviços desde a chamada do pedido de ajuda até ao momento em que o paciente tem alta hospitalar, defendeu ainda a associação.

Sublinhe-se que, durante o fim de semana de Páscoa, oito serviços de urgência estarão encerrados no sábado e dez no domingo, a maioria dos quais na região de Lisboa e Vale do Tejo.

[Notícia atualizada às 20h16]

Leia Também: Há urgências fechadas na Páscoa, mas "ninguém deixará de ser atendido"

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