A primavera ainda mal chegou, mas é já no domingo que se vai passar a usar o chamado horário de verão. Em causa está o avanço de uma hora nos relógios, já na madrugada de domingo - em Portugal continental e na Região Autónoma da Madeira passam a ser 2 horas quando 'bater' a 1 hora, e nos Açores este avanço acontece quando soarem as doze badaladas.
Mas, afinal, o que está em causa quando se fala destes avanços e recuos das horas? O que está na origem e qual a posição de Portugal acerca destas alterações que acontecem duas vezes por ano (para, posteriormente, o horário de inverno)?
Como surgiram os horários de verão (e inverno)
A mudança de horário para a de verão surgiu durante a I Guerra Mundial, altura em que a ideia de avançar uma hora significava menos uma hora noturna - durante a qual seriam necessárias luzes eléctricas.
Segundo explica o Conselho Europeu, a ideia foi depois reintroduzida em muitos países nos anos 70, com a União Europeia (UE) a legislar pela primeira vez sobre o horário de verão em 1980, através de uma diretiva que coordenava as práticas nacionais existentes para ajudar a garantir o bom funcionamento do mercado único.
A diretiva que vigora atualmente - e desde 2001 - aponta que todos os Estados-membros passam para a hora de verão no último domingo de março e regressam à sua hora normal ('hora de inverno') no último domingo de outubro.
Que 'problemas' traz?
No seu site, a CUF dá conta de alguns impactos para a saúde que possam surgir face à mudança de hora. Segundo indicam os especialistas, a fadiga é a "principal consequência", devido à alteração no tempo de sono.
"Em média, são cerca de 40 minutos perdidos por dormir um pouco mais tarde no início do horário de verão e acordar mais cedo quando começa o horário de inverno. Outros efeitos possíveis, diretamente relacionados com essa alteração do ritmo circadiano, podem ser eventualmente mais intensos, mas habitualmente são limitados às semanas seguintes à mudança da hora", lê-se.
A CUF refere ainda que "as pessoas que trabalham por turnos, os adolescentes e quem sofre de transtornos relacionados com o sono estão em maior risco de sofrer os efeitos negativos da mudança da hora para a saúde."
Estudos europeus também concluem que a mudança de hora no inverno pode ter consequências na depressão. "Pelo contrário, esse efeito não foi encontrado na mudança para o horário de verão. Apesar de estar descrita a associação entre o horário de inverno e impactos negativos no humor ou energia, bem como o aumento do bem-estar no caso do verão, não existem estudos científicos suficientes para determinar com exatidão os efeitos da mudança da hora nas pessoas", detalham.
Como preparar a mudança?
Para que a transição seja mais fácil, existem formas de começar a preparar o corpo. Chris Mosunic, especialista em medicina do sono e ao blogue Calm apresentou dicas que vão fazer com que comece a preparar-se dias antes da mudança da hora.
- Comece a ajustar o horário de sono dias antes da mudança de hora para fazer com que o impacto de perder uma hora não seja tão grande;
- Na noite anterior à mudança da hora, ajuste o relógio para preparar-se mentalmente para a mudança;
- Relaxe à noite com a leitura de um livro ou a ouvir música calma, tudo para conseguir dormir melhor;
- Exponha-se mais à luz do dia, principalmente de manhã, para ajudar a regular o seu relógio interno.
O tema não está 'fechado'
Apesar de a mudança de hora vigorar há anos, este não é um tema 'aceite', na medida em que em 2018 foi apresentada uma proposta para acabar com as mudanças bianuais de relógio na União Europeia - e, segundo é explicado pelo Conselho Europeu, ainda não foi tomada uma decisão sobre o assunto, nem há um prazo para que tal aconteça, nem há previsão para tal.
"Para que haja uma posição do Conselho, é necessária uma maioria qualificada dos Estados-membros. Do mesmo modo, uma maioria qualificada de Estados-Membros teria de apoiar o texto final negociado com o Parlamento Europeu", explica a nota, detalhando que, em 2019, o Parlamento Europeu votou a favor de que as mudanças sazonais terminassem em 2021.
Como estão divididos os fusos horário na UE?
- Hora da Europa Ocidental: Irlanda e Portugal;
- Hora da Europa Central (mais um hora do que em Portugal): A escolha de 17 Estados-membros situados nesta região geográfica;
- Hora da Europa Oriental (mais duas horas que em Portugal continental: Bulgária, Chipre, Estónia, Finlândia, Grécia, Letónia, Lituânia e Roménia).
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