Câmara de Lisboa manifesta pesar pela morte de Maria Teresa Horta

A Câmara de Lisboa aprovou hoje, por unanimidade, votos de pesar do PCP e do Livre pela morte da escritora e jornalista Maria Teresa Horta, destacando a sua luta pelos direitos das mulheres, incluindo durante a ditadura.

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© Gonçalo Villaverde / Global Imagens

Lusa
05/02/2025 19:50 ‧ há 3 horas por Lusa

País

Maria Teresa Horta

Os votos foram aprovados em reunião pública da câmara, em que o PS sinalizou também a apresentação de um voto de pesar pela morte da escritora e jornalista Maria Teresa Horta, mas que não foi votado, para já, por ter sido apresentado fora dos prazos regimentais para ser incluído nesta sessão.

 

Nascida em Lisboa, em 20 de maio de 1937, a escritora Maria Teresa Horta, a última das "Três Marias", morreu na terça-feira, aos 87 anos, na capital portuguesa, anunciou a sua editora Dom Quixote.

Além de manifestar "profundo pesar", o voto do PCP, partido do qual Maria Teresa Horta foi militante entre 1975 e 1989, propõe que "seja considerada a atribuição do seu nome a um local significativo de Lisboa".

O PCP enaltece a "escritora de grande vulto, inicialmente jornalista", indicando que foi também uma cidadã com intervenção "durante a ditadura e até aos dias de hoje, na defesa da liberdade de expressão e dos direitos das mulheres, contra a profunda discriminação e inferioridade a que a mulher estava sujeita", sofrendo por isso a repressão do regime fascista.

"Foi a voz serena, límpida, de combate e rebeldia, de afirmação do corpo e do desejo da mulher; uma poética que estabeleceu de forma exemplar, nos tempos, na distensão sintática, na componente lírica e livre da fala, na revelação dos territórios íntimos, o combate geracional pela dignidade e pela justiça", lê-se no voto de pesar do PCP, semelhante ao que foi apresentado pelo partido na Assembleia Municipal de Lisboa.

O voto de pesar da vereação do Livre refere que a morte de Maria Teresa Horta deixa todas as mulheres "mais sós", além de que "a literatura, a cultura e a liberdade deste país estão mais sós", após ver partir alguém que "incondicionalmente defendeu a condição feminina, que insubmissamente lutou pelo direito à criação, que inabalavelmente se afirmou como uma das vozes mais livres na escrita nacional".

O Livre destaca que o trajeto da escritora é marcado por "uma obra incontornável do pensamento feminista nacional - Novas Cartas Portuguesas -- nascida de um gesto literário contra a mentalidade do Estado Novo", assumido em conjunto com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, tendo o grupo ficado conhecido como as "Três Marias", pelo qual foi processada e julgada em 1972.

O Livre sugere que seja organizado "um momento de homenagem" no sentido de evocar a memória de Maria Teresa Horta, reconhecer o seu percurso e celebrar a sua obra.

A este propósito, a vereadora do PS Cátia Rosas lembrou que Maria Teresa Horta foi uma das "mulheres de Abril" a quem a câmara decidiu, por unanimidade, atribuir uma medalha municipal no âmbito dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, mas ainda "nenhuma recebeu" a distinção.

Segundo a sua editora Dom Quixote, num comunicado enviado à Lusa, a morte da escritora é "uma perda de dimensões incalculáveis para a literatura portuguesa, para a poesia, o jornalismo e o feminismo, a quem Maria Teresa Horta dedicou, orgulhosamente, grande parte da sua vida".

Leia Também: Maria Teresa Horta "armou-se para a batalha" da vida, diz Lídia Jorge

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