O diretor nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP), Luís Carrilho, começou por referir, esta quarta-feira, no Parlamento, que o "volume de interações da PSP no dia a dia ultrapassa dois milhões e meio" e sublinhou o caráter "democrático e de proximidade" da instituição.
Depois, lembrou que nos últimos anos morreram dez agentes a trabalhar, dando "a vida ao serviço da nação" e esforçando-se, diariamente, para fazer de Portugal "um dos países mais seguros do mundo".
"As forças e serviços de segurança desenvolvem, em especial, policiamento de proximidade. Com efeito, as forças de segurança devem planear e levar a efeito periodicamente operações especiais com a finalidade de detetar e prevenir criminalidade. Na área em questão houve 52 denúncias e participações com uso de armas proibidas, com referência à Rua do Benformoso e Praça do Martim Moniz. Há registo de ofensas violentas e graves, como o homicídio em maio de 2024", justificou Luís Carrilho na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, no Parlamento, sobre a operação no Martim Moniz.
Luís Carrilho sublinhou também que a PSP é "a mesma polícia" que, no ano passado, "garantiu que o direito à liberdade de expressão decorresse em segurança em 2122 manifestações" e organizou "15.940 ações de sensibilização nas escolas, promovendo os direitos humanos".
Xenofobia e discriminação na PSP já valeram 44 processos disciplinares
Além disso, revelou que, na última década, a PSP instaurou 44 processos disciplinares a polícias por xenofobia e discriminação étnico-racial, dos quais 30 foram arquivados.
"No contexto do racismo, xenofobia e discriminação étnico-racial, permitam-me destacar, em concreto, que entre 2014 e 2024, portanto, em 10 anos, foram instaurados 44 processos disciplinares, sete processos de averiguações e oito processos de inquérito. Destes, foram arquivados 30 processos disciplinares, e arquivados igualmente os processos de averiguações e de inquérito", disse o diretor nacional da PSP.
Antes, os deputados do PS, Bloco de Esquerda e Livre pediram ao diretor nacional da PSP para justificar a "operação especial" que "encostou cidadãos à parede", considerando que essa atuação é "inaceitável num regime democrático".
Noutra ronda de perguntas, o Chega confessa não entender "a mediatização" da operação, defendendo que uma "revista da PSP ou da GNR não ofende ninguém". Já o PS pergunta se a "PSP atua com base em sentimentos".
Do lado da IL, os liberais querem saber se a operação foi "essencial ou apenas mediática". Enquanto o BE refere que "não é a primeira vez" que o Governo instrumentaliza as autoridades e volta a reforçar que o "aparato da operação" não combina com os "resultados".
Em resposta aos deputados, o diretor nacional da PSP garante que a ação no Martim Moniz foi apenas uma das "1.413 operações policiais de prevenção criminal" que a polícia fez entre 2012 e 2024. Só na capital, no ano passado, foram 92 e em 2023 foram 84.
[Notícia atualizada às 12h12]
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