A greve ao trabalho extraordinário "tem tido uma participação com algum significado", disse à agência Lusa o diretor de higiene urbana do município de Lisboa, Pedro Moutinho, estimando que a paralisação registe hoje uma adesão "abaixo dos 50%".
Apesar de a greve ser hoje apenas ao trabalho suplementar e de, com o recurso aos serviços mínimos, a autarquia estar "a conseguir retirar o lixo e a limpar algumas zonas da cidade", Pedro Moutinho considerou que "até ao dia 03 de janeiro a situação tem sempre tendência para se agravar e não para melhorar", ainda que "pontualmente" possa ter menos impactos em algumas freguesias e algumas ruas.
"Todo o lixo que é depositado no dia seguinte supera sempre o que já existia e isso irá manter-se até ao dia 03, porque o serviço não é uniforme", ainda que os recursos afetados sejam superiores aos estipulados para os serviços mínimos e a autarquia tenha a trabalhar nas ruas "cerca de uma centena de trabalhadores".
Os pontos mais críticos em termos de acumulação de resíduos "vão variando, com zonas diferentes tendo em conta as dinâmicas da cidade", destacando Pedro Moutinho, desde sexta-feira "as zonas da restauração, com mais alguma presença de resíduos orgânicos de origem nos restaurantes e no comércio", ainda que "as zonas periféricas e as dos eixos principais sejam sempre aquelas que ficam mais expostas".
Ressalvando que a situação na capital só não está pior devido "ao trabalho de mérito das equipas da higiene urbana e das juntas de freguesia, que estão a conseguir manter em algumas zonas relativamente com menos pressão visível", o diretor de higiene urbana do município reiterou hoje o apelo aos habitantes de Lisboa para que "não depositem o lixo seletivo, ou seja, o vidro, o papel e o cartão".
O pedido é extensivo à restauração e ao comércio "para que não coloquem as embalagens na via pública, porque efetivamente os serviços têm uma grande limitação para poder recolhê-lo", dado estarem a funcionar com um número de pessoas "muito abaixo do que seria necessário".
Contactado pela Lusa o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) disse desconhecer os dados da adesão à greve no dia de hoje, mas Nuno Almeida defendeu que a adesão registada nos primeiros dias de paralisação "desmentiu a ideia passada pelo presidente da Câmara, Carlos Moedas, de que o acordo com os trabalhadores estava a ser cumprido e de que não havia razões para fazerem greve".
A greve foi convocada pelo STAL e pelo Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), que justificam o protesto com a ausência de respostas da Câmara aos problemas que afetam o setor, em particular ao cumprimento do acordo celebrado em 2023, que prevê, por exemplo, obras e intervenções nas instalações.
A Câmara de Lisboa assegura que o acordo celebrado em 2023 está a ser cumprido, nomeadamente 13 dos 15 principais pontos.
Nuno Almeida afirmou ainda que, face aos impactos da paralisação, a CML "deveria manter as medidas de mitigação que foram tomadas", como "reforço de contentores e de meios humanos, mesmo que constatados, pelo menos até que o setor seja dotado dos meios necessários para responder às necessidades da população".
Os trabalhadores da higiene urbana do município estão desde quarta-feira e até 02 de janeiro em greve ao trabalho extraordinário, sendo que na quinta e na sexta-feira cumpriram uma paralisação total.
Para o Ano Novo está prevista greve ao trabalho normal e suplementar no período noturno, entre as 22h00 do dia 01 e as 06h00 do dia 02 de janeiro.
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