Em outubro, a Polícia de Segurança Pública (PSP) disse que Odair Moniz teria "resistido à detenção e tentado agredir [os agentes] com recurso a arma branca", após abordagem policial dos agentes na Cova da Moura, Amadora.
No entanto, dois dias depois da morte de Odair, que ocorreu a 21 de outubro, já no hospital, os dois agentes envolvidos na situação, afinal, terão admitido à Polícia Judiciária (PJ) que não foram ameaçados pela vítima com uma arma branca.
Na quarta-feira, 11 de dezembro, o advogado do agente da PSP que baleou Odair Moniz, Ricardo Serrano Vieira revelou que "está [estava] presente uma arma branca no local [do crime]", mas não deu muitas explicações sobre o caso, argumentando que este se encontra em segredo de justiça. Adiantou ainda aos jornalistas que o agente da PSP em causa continua de baixa médica.
Esta quinta-feira, surgiram novas informações referentes à arma branca: a Polícia Judiciária suspeita que possa ter sido "plantada" no chão para justificar os dois tiros com que o agente da PSP atingiu a vítima. A autoridade está a investigar esta hipótese, avança o jornal Expresso.
Uma fonte judicial avançou, por sua vez, à agência Lusa, que no processo consta uma arma branca que, na altura, estava na posse de Odair Moniz.
A mesma fonte adiantou que o polícia optou por não prestar declarações perante o Ministério Público (MP), considerando que a defesa do arguido ainda não teve acesso ao processo, por este se encontrar sujeito a segredo de justiça e revelou que este foi confrontado pelo MP com a prova indiciária.
O agente da PSP foi ainda notificado, nos últimos dias, para prestar declarações junto da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) na qualidade de testemunha, um inquérito ordenado pela ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, que determinou que fosse feito com "caráter de urgência".
O interrogatório, ao que tudo indica, já tem data e irá acontecer na próxima semana, avança a CNN Portugal. Segundo a estação, a defesa do agente foi notificada pelo IGAI para que este se apresente para interrogatório.
Além do processo judicial, recorde-se, estão a decorrer na IGAI e na PSP processos de âmbito disciplinar.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no bairro da Cova da Moura, distrito de Lisboa, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
A morte do cabo-verdiano desencadeou vários tumultos, na mesma semana, no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados e vandalizados autocarros, automóveis e caixotes do lixo, somando-se cerca de duas dezenas de detidos.
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