O Ministério da Saúde garantiu que o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) demorou 16 minutos a socorrer Odair Moniz, o homem baleado por um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, na madrugada de 21 de outubro, após o Bloco de Esquerda (BE) ter questionado sobre a demora no auxílio.
Numa resposta ao seu homólogo dos Assuntos Parlamentares, consultada pelo Notícias ao Minuto após a informação ter sido avançada pelo Jornal de Notícias, o chefe de gabinete da ministra da Saúde afirmou que o "Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM recebeu a primeira chamada às 5h35", feita por um agente da PSP.
"O CODU realizou a triagem clínica da situação e acionou para o local a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do Hospital Professor Doutor Fernando da Fonseca e uma ambulância dos Bombeiros Voluntários da Amadora", lê-se na nota, que acrescenta que "estes acionamentos foram concretizados às 5h39 e 5h41, respetivamente".
Pelas 5h51, a "equipa da VMER já se encontrava no local". "Não corresponde à verdade, porquanto entre a receção da chamada no CODU (5h35) e o registo de que a equipa da VMER já se encontrava no local (5h51) decorreram 16 minutos", garantiu Jorge Salgueiro Mendes, chefe do Gabinete da ministra da Saúde.
A 7 de novembro, Marisa Matias e Fabian Figueiredo, deputados do Bloco de Esquerda, questionaram a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, sobre a demora no auxílio a Odair Moniz, frisando que "vídeos gravados por moradores mostram que Odair, apesar de baleado duas vezes, não teve assistência imediata no local por parte dos agentes da PSP" e que havia "relatos de moradores que denunciam que também o socorro do INEM tardou a chegar".
"Segundo estes testemunhos a ambulância só chegou por volta das 6h18 dessa manhã, ou seja, cerca de 1 hora depois de Odair ter sido baleado", lê-se na pergunta número 742/XVI/1.ª, respondida a 22 de novembro.
O cabo-verdiano Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois.
De acordo com a versão oficial da PSP, Odair Moniz ter-se-á posto "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".
Nos tumultos que sucederam à sua morte, nos dias seguintes, foram incendiados autocarros, dezenas de automóveis e contentores do lixo.
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