"O nosso homólogo britânico de 51 anos estava a realizar uma avaliação de risco de explosão num edifício da UNOPS quando o incidente ocorreu esta manhã", disse Darren Cormack, diretor executivo da ONG, em comunicado.
"Foi transferido primeiro para um hospital em Gaza para tratamento antes de ser evacuado para um hospital em Israel. O seu estado é desconhecido", disse.
O porta-voz adjunto do secretário-geral da ONU, Farhan Haq, declarou esta tarde que a explosão foi causada por "um dispositivo explosivo lançado ou disparado e detonado dentro de um edifício", deixando claro que "não era um dispositivo não detonado" que tenha sido acionado.
Haq confirmou que uma pessoa morreu, uma segunda estava em estado crítico e outras quatro ficaram gravemente feridas, todas elas funcionários da ONU, mas não forneceu os seus nomes ou nacionalidades.
O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Lammy, apelou esta noite a uma "investigação independente" ao incidente e apelou à proteção de todos os trabalhadores humanitários.
Num encontro com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman (MBS), o primeiro-ministro britânico Keir Starmer apelou mais uma vez ao Hamas e a Israel para respeitarem o cessar-fogo.
O governo de Israel anunciou hoje que está a investigar as circunstâncias do ataque às instalações da ONU, cuja autoria rejeitou.
"As circunstâncias do incidente estão sob investigação", escreveu Oren Marmorstein, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, numa mensagem no X.
"Enfatizamos que o exame preliminar não revelou qualquer ligação a qualquer atividade" do exército israelita na área, acrescentou, rejeitando anteriores acusações do movimento islamita Hamas.
O ataque de Israel a Gaza na terça-feira acabou com uma trégua com o Hamas que durava desde 19 de janeiro e enquanto era negociada, com mediação internacional, uma extensão do acordo que permitiu libertar reféns na posse do grupo islamita palestiniano e prisioneiros palestinianos detidos pelos israelitas.
A primeira fase do acordo terminou a 02 de março sem acordo para avançar para uma fase que incluiria um cessar-fogo definitivo.
Israel exige que o Hamas liberte metade dos restantes reféns em troca da promessa de negociar uma trégua duradoura, mas o Hamas pretende continuar com os planos do acordo de cessar-fogo original alcançado pelas duas partes, com a mediação do Qatar, do Egito e dos Estados Unidos.
O retomar da ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza resultou na morte de centenas de pessoas, de acordo com números divulgados pelo Hamas em Gaza.
O ataque de hoje eleva o número de funcionários da ONU mortos em Gaza desde o início do conflito no enclave palestiniano, a 07 de outubro de 2023, para pelo menos 280, de acordo com as Nações Unidas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou "veementemente" os ataques ao pessoal da ONU e pediu "uma investigação completa".
As Nações Unidas frisaram que a localização de todas as suas instalações é conhecida pelas partes em conflito, que são obrigadas pelo direito internacional a protegê-las e a manter a sua "inviolabilidade absoluta".
O subsecretário-geral das Nações Unidas e diretor-executivo da UNOPS, Jorge Moreira da Silva, rejeitou hoje que a morte do funcionário da agência que lidera tenha sido um acidente.
"Na minha opinião, isto não foi um acidente, não pode ser categorizado como tal", disse, numa conferência de imprensa em Bruxelas, na Bélgica.
A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 49 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário.
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