John Roberts reagiu apenas algumas horas depois de Donald Trump ter acusado o juiz James Boasberg de ser um "lunático radical de esquerda" e ter pedido a destituição, por este bloqueado a deportação de 250 alegados imigrantes que pertenciam a um gangue venezuelano.
"Há mais de dois séculos que se estabelece que o 'impeachment' [destituição] não é uma resposta apropriada para discordâncias em relação a uma decisão judicial. O processo normal de revisão de recurso existe para este fim", disse Roberts, em comunicado.
Tudo começou depois de o Presidente dos EUA ter invocado, no sábado, a Lei dos Inimigos Estrangeiros de 1798, até agora só utilizada em tempo de guerra, argumentando que os EUA estavam a sofrer "uma invasão" do gangue criminoso venezuelano Tren de Aragua, embora não tenha apresentado qualquer prova.
Enquanto Boasberg estudava a legalidade do pedido numa audiência, dois voos partiram do Texas com destino a El Salvador, de acordo com uma investigação do jornal The Washington Post.
De acordo com a investigação jornalística, nesse mesmo dia, um terceiro voo partiu do Texas, apenas dez minutos depois de Boasberg ter ordenado, verbalmente e por escrito, que os aviões regressassem aos EUA até que o diferendo estivesse resolvido.
A ação de Roberts - que normalmente não faz tais declarações - foi interpretada pela maioria dos analistas como uma forma de travar os pedidos de Trump e dos seguidores para afastar os juízes que decidem contra o Presidente dos EUA, numa tentativa de alargar ainda mais os limites da separação de poderes.
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