EUA ameaçam Venezuela com "sanções severas" se recusar deportações

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, ameaçou hoje aplicar à Venezuela "sanções severas e crescentes", caso este país recuse um "fluxo consistente de voos de deportação" de venezuelanos dos Estados Unidos.

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Lusa
18/03/2025 22:04 ‧ há 4 horas por Lusa

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Estados Unidos

"A Venezuela tem a obrigação de acolher os seus cidadãos [deportados] dos Estados Unidos. Isto não é assunto para debate ou negociação. Nem merece qualquer recompensa", escreveu Rubio na rede social X.

 

"A menos que o regime de [Nicolás] Maduro (Presidente venezuelano) aceite um fluxo consistente de voos de deportação, sem mais desculpas ou atrasos, os EUA imporão novas, severas e crescentes sanções", adiantou.

Centenas de venezuelanos foram expulsos dos Estados Unidos desde a tomada de posse do Presidente norte-americano, Donald Trump, a 20 de janeiro.

Alegando que a Venezuela não respeitou o ritmo rápido de repatriamentos acordado, a administração norte-americana retaliou com a suspensão da autorização da petrolífera Chevron para operar na Venezuela, privando Caracas de uma importante fonte de rendimento.

As autoridades norte-americanas deportaram na segunda-feira 238 venezuelanos para El Salvador, onde foram detidos numa prisão de segurança máxima.

Os deportados são acusados de pertencerem à organização criminosa Tren de Aragua, o que, segundo a imprensa local, é contestado pelos familiares de alguns deles.

No sábado, um tribunal tentou travar a deportação de imigrantes que o Governo norte-americano decidiu deportar, mas as autoridades dos EUA alegaram que não receberam a determinação judicial a tempo de impedir a deportação em curso.

Trump invocou a lei de 1798, que não era utilizada desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), para agilizar as deportações dos alegados membros do gangue internacional.

Em fevereiro, o Presidente Donald Trump classificou o Tren de Aragua e o MS-13, um gangue com origem em Los Angeles em 1980, como "organizações terroristas globais".

Voos de migrantes venezuelanos deportados foram adiados duas vezes na semana passada.

Quase oito milhões de venezuelanos fugiram da grave crise económica e política que o seu país enfrenta desde 2014.

Estes migrantes foram inicialmente para países da América Latina, particularmente Colômbia, Peru e Chile.

Começaram depois a virar-se para os Estados Unidos, atravessando a pé a perigosa selva de Darien, entre a Colômbia e o Panamá.

A maioria dos venezuelanos recebeu um estatuto especial (TPS) do ex-presidente Joe Biden, que os protegeu da deportação.

Trump suspendeu o TPS para os venezuelanos a 29 de janeiro.

O Governo da Venezuela recomendou hoje aos seus cidadãos que não viajem para os Estados Unidos, alertando para os riscos que enfrentam.

"Nos últimos meses, registou-se um aumento das medidas arbitrárias de controlo da migração e das políticas de assédio contra os venezuelanos. Foram documentados casos de detenções arbitrárias, deportações sem motivo, confiscação de bens e documentos, assim como de tratamento discriminatório e humilhante por parte das autoridades norte-americanas", indicou o Governo da Venezuela em comunicado.

O documento, divulgado pelo Ministério de Relações Exteriores, sublinhou que "estas ações incluem detenções sem processo legal e raptos em prisões de países terceiros, em clara violação dos direitos humanos".

A Plataforma Unitária Democrática (PUD), que reúne os principais partidos da oposição venezuelana, pediu hoje aos Estados Unidos para não discriminar venezuelanos.

"A migração venezuelana é uma dor que está em todos os lares da nossa nação. Milhões de venezuelanos foram obrigados a emigrar (...) para contribuir com trabalho e talento para o desenvolvimento de cada país, devido à complexa crise humanitária no nosso país, cuja responsabilidade é do regime de Nicolas Maduro que, com as suas políticas, levou o país à ruína, empobrecendo a população venezuelana", disse a oposição, num comunicado divulgado nas redes sociais.

[Notícia atualizada às 23h27]

Leia Também: Governo da Venezuela alerta cidadãos para não viajarem para os EUA

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