De acordo com o jornal Politico, Rasha Alawieh, médica especialista em transplantes renais e professora da Universidade Brown, disse aos agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras que, ao visitar o Líbano no mês passado, compareceu ao funeral do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e seguiu os ensinamentos "de uma perspetiva religiosa", mas não política, de acordo com o relatório oficial do interrogatório.
Além disso, as autoridades disseram ter encontrado "fotos e vídeos favoráveis" de figuras importantes do Hezbollah numa pasta de material apagado no telemóvel da médica.
"A Alfândega e Proteção de Fronteiras questionou Alawieh e concluiu que as verdadeiras intenções [da presença da médica] nos Estados Unidos não puderam ser determinadas", escreveu hoje o procurador assistente dos Estados Unidos Michael Sady num processo judicial sobre o caso.
Estas alegações apresentadas pelo Departamento de Justiça são a primeira explicação pública do motivo que levou à deportação da médica na passada sexta-feira
A mulher, de 34, anos tinha um visto norte-americano que é normalmente emitido para estrangeiros com habilidades especiais para determinado trabalho que o empregador alega ter dificuldade em encontrar em candidatos dos Estados Unidos.
Um juiz ordenou que a mulher não fosse enviada de volta para o Líbano até que houvesse uma audiência, mas o Governo norte-americano argumentou que as autoridades alfandegárias não receberam a resposta a tempo.
Esta é a mais recente deportação de uma pessoa nascida no estrangeiro com visto dos Estados Unidos, depois de um estudante da Universidade de Colúmbia que liderou protestos contra a guerra em Gaza ter sido detido e o visto de outra estudante ter sido revogado.
O Governo do Presidente norte-americano, Donald Trump, também conseguiu transferir centenas de imigrantes para El Salvador, mesmo com um juiz federal a emitir ordens que proibiam temporariamente as deportações.
Rasha Alawieh, de 34 anos, recebeu o visto no dia 11 de março e chegou ao Aeroporto Internacional Logan de Boston na quinta-feira, de acordo com uma queixa apresentada em seu nome num tribunal federal.
Alawieh, que tinha trabalhado e vivido em Rhode Island anteriormente, foi detida durante pelo menos 36 horas, até sexta-feira, segundo a acusação.
A mulher, especialista em transplante renal, devia começar a trabalhar na Universidade de Brown como professora assistente de Medicina.
"Os meus colegas e eu estamos indignados com a deportação de Alawieh. Ela é uma colega valiosa e esperamos que seja feita justiça e volte para Rhode Island", disse George Bayliss, professor associado de Medicina na Universidade de Brown.
O congressista democrata Gabe Amo prometeu procurar esclarecimentos sobre a deportação, numa declaração no fim-de-semana: "Estou comprometido em obter respostas do Departamento de Segurança Interna para fornecer a Alawieh, à família, aos colegas e à nossa comunidade a clareza que todos merecemos".
Uma manifestação foi marcada para Rhode Island, esta noite, para apoiar a causa de Alawieh.
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