"Os relatórios das autoridades a bloquearem figuras da oposição de entrar em Angola e a obrigá-los a regressar aos aviões para voltarem aos seus países de origem são chocantes e estão a ser amplamente divulgados nos seus países e nas redes sociais", escrevem os analistas num comentário à detenção de convidados internacionais da UNITA, partido na oposição, no aeroporto, impedindo-os de participar numa conferência.
O governo de João Lourenço, o Presidente de Angola, "não tolera a dissidência interna e relatos de críticos do governo e figuras da oposição, até proeminentes como Costa Júnior, a serem assediados pelas forças de segurança não são incomuns e nem sempre são denunciados", escreve ainda a Oxford Economics.
No comentário, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, o departamento africano da britânica Oxford Economics acrescenta que "este incidente fica mal a João Lourenço, que é também presidente da União Africana, mas o regime parece estar menos preocupado com a má publicidade e mais concentrado no precedente doméstico de permitir que a oposição realize um evento de elevada visibilidade com os seus pares internacionais".
Na quinta-feira, o político moçambicano Venâncio Mondlane e os ex-Presidentes da Colômbia e do Botsuana ficaram retidos no aeroporto 04 de Fevereiro, em Luanda, quando se preparavam para participar numa conferência internacional sobre democracia, disse fonte da UNITA.
Segundo o deputado do principal partido da oposição angolana Olívio Kilumbo, Venâncio Mondlane, o ex-Presidente do Botsuana Ian Khama e o ex-Presidente da Colômbia Andrés Pastrana eram convidados da conferência, organizada com a Benthrust Foundation e que irá decorrer em Benguela, no sul de Angola.
Em declarações à Lusa, o secretário-geral adjunto da UNITA, Lázaro Kakunha, destacou que estavam retidos 13 dos 17 convidados vindos do estrangeiro, sublinhando que Mondlane, entre outros, não necessita de visto por ser cidadão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês).
A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique aplicou a medida de termo de identidade e residência a Venâncio Mondlane, num processo em que o político é acusado de incitação à violência nas manifestações pós-eleitorais, o que o impede de ficar mais de cinco dias fora de casa, devendo avisar as autoridades.
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