Equipas de socorro exumam dezenas de cadáveres do hospital al-Shifa

A Defesa Civil palestiniana anunciou hoje ter exumado 48 corpos do hospital de al-Shifa, na cidade de Gaza, um dos principais centros médicos do território devastado pela guerra de Israel contra o movimento islamita palestiniano Hamas.

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© Ahmed El Mokhallalati/Reuters

Lusa
13/03/2025 17:31 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

Os socorristas devolveram 38 cadáveres identificados às respetivas famílias, que os sepultaram em cemitérios próximos, disse o porta-voz do organismo, Mahmud Bassal, citado pela agência de notícias francesa, AFP.

 

"Os restantes dez corpos foram transportados para o departamento de medicina legal do Ministério da Saúde, para identificação", explicou.

Segundo o porta-voz da Defesa Civil palestiniana, cerca de 160 corpos continuam enterrados no complexo hospitalar, e as operações de exumação vão prosseguir durante vários dias.

Os mortos foram enterrados por profissionais de saúde e civis, quando as operações do Exército israelita impediam os socorristas de os transportar para cemitérios.

Uma frágil trégua entre Israel e o Hamas entrou em vigor a 19 de janeiro, após mais de 15 meses de guerra, desencadeada em retaliação a um ataque de dimensões sem precedentes do movimento islamista palestiniano ao sul de Israel, que fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e 251 reféns, a 07 de outubro de 2023.

As infraestruturas hospitalares da Faixa de Gaza, entre as quais o hospital de al-Shifa, foram gravemente danificadas pelos bombardeamentos e combates, embora devessem beneficiar de proteção acrescida, nos termos das leis da guerra.

Em novembro de 2023, o Exército israelita lançou uma grande ofensiva contra o hospital de al-Shifa, acusando os combatentes do Hamas de o utilizarem como quartel-general militar, de se misturarem com civis e de ali manterem também alguns dos reféns sequestrados durante o ataque de 07 de outubro, o que o movimento palestiniano negou.

Imagens da AFPTV mostram equipas de salvamento a cavar sepulturas improvisadas para desenterrar mortalhas de plástico branco e a enrolá-las em cobertores ou tapetes.

"É como reviver a guerra", explicou Mohammed Abu Assi, que veio buscar os restos mortais do irmão.

"Vamos sepultá-lo hoje e a dor e as feridas reabriram-se", disse.

Suha al-Sharif dirigiu-se ao local na esperança de identificar o filho pelas roupas que trazia vestidas.

"Quero encontrá-lo, sou mãe e consome-me não saber onde está o meu filho", afirmou.

Os cadáveres já foram desenterrados pelas equipas de salvamento no complexo hospitalar.

Em 2024, o Conselho de Segurança das Nações Unidas manifestou "profunda preocupação" na sequência de relatos de que centenas de corpos estavam a ser enterrados em valas comuns dentro ou perto de hospitais em Gaza.

Leia Também: Egito e Hamas saúdam que Trump não queira expulsar palestinianos

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