"A justiça transicional é crucial para que a Síria avance", afirmou Volker Turk, citado pela agência francesa AFP.
Turk acrescentou que "a vingança e o ajuste de contas nunca são a solução".
O alto-comissário também fez um apelo ao abrandamento urgente das sanções internacionais em vigor contra o país do Médio Oriente.
"No momento em que a comunidade internacional examina a questão das sanções, é essencial ter em conta o impacto que estas estão a ter na vida do povo sírio", afirmou.
"Apelo, portanto, a uma reconsideração urgente de sanções setoriais com vista ao seu levantamento", disse, durante uma conferência de imprensa em Damasco.
Volker Turk iniciou na terça-feira uma visita de três dias ao Médio Oriente, com paragens na Síria e no Líbano.
Trata-se da primeira visita de um chefe da agência da ONU para os direitos humanos à Síria, que vive em guerra civil desde 2011.
Turk alertou que a Síria continua a enfrentar "ameaças muito reais" à integridade territorial, à independência e à soberania, que disse deverem ser "plenamente respeitadas e rigorosamente defendidas".
"Os conflitos e as hostilidades em curso têm de terminar", afirmou.
Turk disse que se encontrou em Damasco com o líder das autoridades interinas, Ahmad al-Charaa, chefe do grupo islamita Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe), que derrubou Assad em 08 de dezembro.
O alto-comissário disse que Charaa reconheceu e assegurou a importância do respeito pelos direitos humanos de todos os sírios.
"Debatemos as oportunidades e os desafios que aguardam esta nova Síria. Os direitos humanos devem estar na linha da frente e no centro, onde todos possam viver livres e iguais em dignidade e direitos", afirmou.
Em relação às mulheres e raparigas, disse que enfrentam disparidades significativas na Síria e que as desigualdades de género limitam o acesso aos cuidados de saúde, à educação e à habituação.
"A reconstrução de uma Síria que funcione para todos os seus habitantes, iguais em dignidade e sem discriminação, será fundamental para o seu sucesso e estabilidade", acrescentou.
Uma ofensiva rebelde lançada em 27 de novembro pôs fim ao regime de Bashar al-Assad em 08 de dezembro, dia da tomada de Damasco, a capital da Síria.
Assad refugiou-se na Rússia, que lhe concedeu asilo político.
A Rússia e o Irão eram os principais apoiantes do regime de Assad.
[Notícia atualizada às 13h24]
Leia Também: ONU promete continuar a ajudar os palestinianos apesar da proibição israelita