A Alemanha tem eleições antecipadas a 23 de fevereiro e, para Elon Musk, é necessário explicar ao mundo o que é a Alternativa para a Alemanha (AfD). A conversa começou precisamente com o pedido do dono da rede social X à candidata a chanceler Alice Weidel para que explicasse "que partido é este, para quem não o conhece".
A conversa prosseguiu com o tema da energia, num tom sério dos dois participantes, mas rapidamente começaram os risos, com alguns pequenos problemas técnicos pelo meio e ligeiros silêncios. O apelo ao voto chegou trinta minutos depois.
"Se não estão contentes com a situação atual, mudem. Por isso recomendo que votem AfD", sublinhou Musk. "A Alice Weidel é uma pessoa razoável, nada escandaloso está a ser proposto por ela, há apenas bom senso".
"Só a AfD consegue salvar a Alemanha, fim da história. Se isso não acontecer, as coisas vão piorar muito na Alemanha", destacou o milionário.
Alice Weidel respondeu "sim", realçando, que "de um lado temos a AfD, do outro um partido único" incapaz de "implementar as promessas feitas", apontando o dedo principalmente ao "partido de Angela Merkel", a União Democrata-cristã (CDU).
A co-líder do partido formado em 2013 aproveitou para sublinhar que a antiga chanceler, Angela Merkel, "arruinou completamente o país", sendo a "primeira chefe do governo Verde", e não conservadora de direita, como se fez passar.
Numa conversa de quase 80 minutos, monitorizada pela Comissão Europeia, o tema da liberdade de expressão não escapou aos dois intervenientes.
A Comissão admite que Musk tem o direito de expressar os seus pontos de vista, mas que o regulamento, conhecido como Lei dos Serviços Digitais, foi concebido para controlar os riscos de as plataformas serem utilizadas indevidamente para amplificar conteúdos ilegais, incluindo discursos de ódio ou desinformação relacionada com eleições.
"Uma democracia deve assentar precisamente nisto, liberdade de expressão", ressalvou Weidel, acusando os meios de comunicação alemães de boicotarem o seu partido desde a sua criação.
"Sabes o que Adolf Hitler fez", questionou a política alemã, "restringiu imediatamente a liberdade de expressão depois de chegar ao poder", acrescentou. Sem esta medida, concluiu, o ditador nazi não teria sido capaz de implementar muitas coisas.
Weidel argumentou ainda que Hitler foi, na verdade, um comunista, impôs censura e aumentou impostos, e não um conservador.
A candidata a chanceler pela AfD realçou que não quer estar rodeada de "yes-men", com Musk a responder-lhe "sim" e a sucederem-se várias gargalhadas.
Antes das perguntas de Weidel a Musk sobre uma potencial ida a Marte ou a crença em Deus ou num ser superior, o dono da Tesla ainda abordou as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, dizendo acreditar numa solução pacífica para ambas com a intervenção forte do presidente norte-americano.
"Quanto mais leio sobre Israel, mais complicado me parece. Na minha modesta opinião, não vejo uma solução. Talvez Israel precise de procurar alianças (...) digo aquilo que penso, e, honestamente, não sei como resolver o conflito neste momento. Tu talvez tenhas a resposta para isso", apontou Alice Weidel.
Depois dos comentários de Musk sobre uma potencial chegada a Marte, e de mais de 15 minutos longe da Alemanha e da própria AfD, Weidel terminou com um "foi maravilhoso falar contigo e ouvir as tuas perspetivas".
Segundo as últimas sondagens, a AfD deverá conseguir entre 19 a 21,5% dos votos nas eleições antecipadas de 23 de fevereiro, ficando em segundo lugar. À frente na corrida está a união dos conservadores da União Democrata-Cristão (CDU) com o partido irmão da Baviera, a CSU, com 29 a 33%. O partido do atual chanceler, Olaf Scholz, o Partido Social Democrata (SPD) segue em terceiro lugar com uma variação entre 15,5 e 17%.
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