A família de um dos reféns israelitas mortos por engano, no mês passado, pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) espera agora que a família possa continuar, com uma prática que se está a tonar cada vez mais comum - a recolha de esperma após a morte.
Segundo a BBC, já foi recolhido o esperma de 170 israelitas que morreram, entre soldados e civis - um número 15 vezes superior ao que, nas mesmas condições, foi recolhido nos últimos anos.
Uma das famílias que espera agora em tribunal para que os tratamentos possam começar é a de Yotam Haim, um dos três reféns mortos que as forças israelitas erroneamente mataram durante uma operação de resgate em Shujaiya, um bairro nos arredores da cidade de Gaza.
A mãe do jovem, que tinha sido raptado no ataque de 7 de Outubro de 2023, já mostrou o seu apoio a Telavive, referindo na altura em que a morte do filho foi anunciada que a culpa não era das forças israelitas, mas sim do Hamas. Agora, Iris Haim explica por que razão decidiu avançar com o processo, e como tudo surgiu.
Ao Telegraph a israelita recordou que a possibilidade surgiu meia-hora depois de ter sido informada da morte do filho, pelo exército. "Fiquei muito surpreendida [com a possibilidade]. Perguntei ao meu marido e dissemos imediatamente que sim", contou.
"Temos uma oportunidade para dar continuidade ao Yotam. Sei que ele queria muito ter filhos. Quando soubemos que podia ser uma realidade, deu-me muita esperança e luz. Foi um alívio. Disse que não seria o fim, e Yotam está sempre connosco", defendeu,
There are no words to describe the strength of Iris Haim, the mother of Yotam who was held hostage by Hamas and was tragically killed by IDF soldiers in a horrific accident.
— Tamar Schwarzbard 🇮🇱 (@TSchwarzbard) December 20, 2023
Iris addressed the battalion involved in the tragic incident in which her son was killed:
"Hello to… pic.twitter.com/lX1ALDD3DV
Segundo o que explicaram ao jornal, foram feitas dez recolhas de material e uma amiga da família, não identificada, aguarda agora pela aprovação do tribunal para começar os tratamentos da reprodução medicamente assistida, para ser a portadora da gestação de substituição.
Este não é o único caso de recolha de esperma, com outras famílias a fazerem o mesmo. O Telegraph conta ainda o caso de Shaylee e Yahav Artery, um casal cuja casa foi invadida por "terroristas", em Kfar Aza. Yahav morreu, mas a mulher conseguiu fugir com o filho de um mês.
Dois dias depois, a esposa começou a questionar se poderia ter ainda outro filho com o marido. "Perguntei à mãe de Yahav se sabia se era possível recolher o esperma de um civil como se faz com um soldado. Tudo o que fiz a partir daí foi como uma maratona, a correr contra o tempo antes de o esperma morrer para tentar salvá-lo", explicou Shaylee ao Telegraph.
Segundo o que a imprensa conta, as hipóteses de ter outro filho acabaram, devido ao tempo na demora dos tribunais, já que o material acabou por ficar inviável.
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