A Polícia de Las Vegas considerou, esta quinta-feira, que o caso que envolveu a explosão de um Tesla Cybertruck, no exterior do Trump International Hotel, na quarta-feira, tem "semelhanças muito estranhas" com o ataque de Nova Orleães, ocorrido no mesmo dia. Além disso, adiantou que o suspeito que fez explodir o veículo tinha um ferimento de bala na cabeça.
As informações foram adiantadas por Kevin McMahill, xerife do Departamento de Polícia Metropolitana de Las Vegas, em conferência de imprensa, pouco depois de o FBI ter dito que, para já, não havia "nenhuma ligação definitiva" entre os dois casos.
McMahill afirmou que a sua força "não está preparada para excluir nada". "Cada dica e pista que nos chega, cada prova que nos chega, não a descartamos", disse.
O xerife destacou ainda que em causa estão "semelhanças muito estranhas" entre casos, assegurando que "há muito mais" a fazer nesta investigação.
Além disso, a polícia explicou que o corpo encontrado dentro do carro tinha um ferimento de bala na cabeça e estava irreconhecível. No carro foram encontrados um bilhete de identidade militar e um passaporte com o nome Matthew Livelsberger - o nome que corresponde ao da pessoa que alugou o veículo e que a imprensa já avançou como o autor da explosão.
A polícia encontrou também duas pistolas, ambas registadas em nome de Matthew Livelsberger, e acredita que o ferimento de bala foi "autoinfligido".
Tendo em conta que o corpo estava irreconhecível, a polícia disse ter "confiança" de que se trata de Livelsberger devido às suas tatuagens. Aguarda-se, agora, pelos resultados do ADN para confirmar.
As autoridades disseram ainda acreditar que não há "qualquer outra ameaça por parte do indivíduo".
As motivações do suspeito da explosão continuam a ser desconhecidas nesta altura, frisou Spencer Evans, agente do FBI, durante a conferência de imprensa.
"Não temos informações que nos permitam dizer com certeza ou sugerir que isto foi motivado por uma ideologia particular", sublinhou ainda.
Recorde-se que a imprensa internacional afirmou, citando fontes oficiais que falaram sob condição de anonimato, que o suspeito ligado à explosão de Las Vegas era um militar das forças especiais norte-americanas no ativo, enquanto a imprensa local do estado do Colorado, onde o homem alugou o veículo, identificou-o como Matthew Livelsberger, 37 anos, um "veterano do Exército dos Estados Unidos".
Livelsberger serviu nos Boinas Verdes [Green Berets, em inglês], forças especiais altamente treinadas que trabalham para combater o terrorismo no estrangeiro e treinar parceiros de outros países, detalhou, mais tarde, o Exército norte-americano em comunicado.
Este militar serviu no Exército desde 2006, subindo na hierarquia com uma longa carreira em missões no estrangeiro, destacando-se duas vezes no Afeganistão e servindo na Ucrânia, Tajiquistão, Geórgia e Congo, ainda segundo a mesma fonte.
Foi condecorado com duas Estrelas de Bronze, incluindo uma com bravura, por coragem sob fogo, um distintivo de infantaria de combate e uma Medalha de Louvor do Exército com bravura. Livelsberger estava de licença aprovada quando morreu, de acordo com a força militar.
Segundo a polícia, o condutor do Tesla detonou uma combinação de fogo-de-artifício, botijas de gás e combustível na parte de trás do veículo, a partir do interior do automóvel. O veículo estava carregado com botijas de gás e de combustível para campismo e morteiros pirotécnicos de alto calibre.
O condutor do Cybertruck Tesla morreu e outras sete pessoas ficaram feridas na explosão que ocorreu perto do Trump International Hotel.
Note-se que o Cybertruck foi alugado no Colorado através da plataforma Turo (um sistema de aluguer entre privados semelhante à plataforma de alojamento local Airbnb), tal como a carrinha utilizada no atropelamento de Nova Orleães, ocorrido na noite de Ano Novo e que provocou 15 mortos (incluindo o suspeito), confirmou a empresa em comunicado.
Além disso, o autor do ataque levado a cabo em Nova Orleães também serviu no Exército entre 2006 e 2015 e esteve no Afeganistão entre 2009 e 2010. Os dois suspeitos tinham também passado algum tempo na base anteriormente conhecida como Fort Bragg, base na Carolina do Norte que alberga o comando das forças especiais.
No entanto, um dos funcionários que falou com a agência Associated Press disse que não há sobreposição nas suas atribuições na base, agora chamada Fort Liberty.
Hoje, em conferência de imprensa, o FBI disse que, "até agora, não há ligação" entre os ataques, apesar de a investigação estar numa fase inicial. "Estamos a seguir todas as pistas potenciais e não estamos a excluir tudo. Até agora, não há ligação entre o ataque em Nova Orleães e aquele que aconteceu em Las Vegas", disse o assistente adjunto Christopher Raia, da Divisão de Contraterrorismo do FBI, referindo-se ao ataque em Luisiana.
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