"Na realidade, trata-se de uma recompensa pela proteção dos interesses nacionais do nosso país", reagiu o primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Kobajidze.
Os EUA anunciaram hoje sanções contra o multimilionário Ivanishvili, cujas ações, juntamente com as do partido no poder, "prejudicaram as instituições democráticas" no país do Cáucaso "em benefício da Federação Russa", segundo referiu o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
De acordo com Kobajidze, Ivanishvili, considerado como o "governante sombra" do país caucasiano, foi sancionado "de facto" a partir de 2022, ano em que a Rússia invadiu a Ucrânia.
Para o primeiro-ministro georgiano, tal deve-se à recusa do país em abrir uma "segunda frente" na guerra da Ucrânia contra a Rússia.
"Portanto, nada muda. E a sua posição [de Ivanishvili] é semelhante: as sanções não têm qualquer conteúdo significativo", afirmou Kobajidze.
Num comunicado, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, acusou hoje o Sonho Georgiano de "descarrilar o futuro euro-atlântico da Geórgia", um futuro que, segundo o representante de Washington, "o povo georgiano deseja na sua esmagadora maioria e que a Constituição da Geórgia exige".
O resultado, adiantou o chefe da diplomacia norte-americana, deixou a Geórgia "vulnerável à Rússia, que continua a ocupar mais de 20% do território da Geórgia".
O líder do Governo georgiano disse esperar que "as coisas mudem" com a tomada de posse a 20 de janeiro do Presidente eleito norte-americano, Donald Trump, aguardando a nova liderança norte-americana para reiniciar as relações com Washington.
Em resultado das sanções emitidas, os bens e os ativos de Ivanishvili passam a estar bloqueados no território norte-americano e os cidadãos norte-americanos ficam proibidos de efetuar transações com o antigo primeiro-ministro georgiano.
Além destas medidas, o nome de Ivanishvili consta atualmente na lista de sanções do Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro norte-americano (o equivalente ao Ministério das Finanças).
O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, referiu que as relações entre Ivanishvili e Moscovo são o principal motivo para a aplicação destas sanções.
A Geórgia tem atravessado uma grave crise política desde as eleições legislativas realizadas em 26 de outubro, cuja vitória foi atribuída ao partido no poder, o Sonho Georgiano.
O processo eleitoral foi alvo de várias acusações de fraude pela oposição, pela Presidente pró-europeia, Salome Zurabishvili, e pelos observadores internacionais.
A oposição acusou o atual primeiro-ministro e líder do partido, Irakli Kobajzide, de ter orquestrado uma fraude eleitoral em colaboração da Rússia, algo que este negou veementemente.
O partido no poder desde 2012 decidiu no final de novembro adiar as negociações de adesão à União Europeia (UE) para 2028, um objetivo consagrado na Constituição da antiga república soviética.
Esta decisão levou milhares de pessoas a manifestarem-se em frente ao edifício do parlamento na capital, Tbilissi, em protestos que foram violentamente reprimidos, marcados por dezenas de detenções e feridos em confrontos com as forças de segurança.
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