Durante hoje à tarde, o chefe de Estado francês reuniu-se com líderes dos partidos políticos, excluindo destes contactos a esquerda radical França Insubmissa (LFI) e a extrema-direita União Nacional (RN), para tentar abrir o caminho para a nomeação de um primeiro-ministro que evite novas censuras.
A comitiva de Macron, que nos últimos dias efetuou diversas reuniões com várias fações políticas, afirmou esperar que esta reunião com líderes partidários e presidentes de grupos parlamentares, todos na mesma sala do palácio presidencial, permita avançar para "um acordo sobre um método" para a nomeação de um novo chefe de governo.
Os partidos de esquerda da coligação Nova Frente Popular (NFP), nomeadamente o Partido Socialista, esperam que esta primeira reunião conjunta conduzida por Macron seja também a última.
"Esperamos que este debate não possa continuar sob os seus auspícios por uma simples razão: (Macron) já não está em posição de ser o árbitro da harmonia", comentou o primeiro-secretário do Partido Socialista francês, Olivier Faure, à chegada ao palácio presidencial.
"O resto das discussões devem ter lugar na Assembleia [parlamento]", disse, por sua vez, a líder ecologista Marine Tondelier, frisando que está fora de questão participar "num governo de interesse geral com o LR (Republicanos, de direita) ou com os macronistas".
Segundo Olivier Faure, a coligação exige "logicamente (...) um primeiro-ministro de esquerda" que esteja "aberto a compromissos", já que a Nova Frente Popular foi a vencedora das eleições legislativas antecipadas do verão passado.
"A política da cadeira vazia é uma forma de enfraquecer a esquerda", lamentou o líder socialista, garantindo que quer procurar uma "solução" para uma "saída da crise".
Enquanto os socialistas, os ecologistas e os comunistas estiveram reunidos com Macron por duas horas e meia, o LFI (aliado na NFP), não foi convidado.
"Quem pensa que pode ganhar um único lugar sem nós?", questionou aos jornalistas o líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, aumentando as tensões entre o Partido Socialista e o LFI.
O coordenador do LFI, Manuel Bompard, apelou aos restantes membros da NFP para "não cederem ao canto das sereias e à tentação do governo nacional".
"Jean-Luc Mélenchon decidiu acabar com a união da esquerda. Tudo o que ele faz, tudo o que ele defende, tudo o que ele constrói é para preparar e afirmar o seu destino pessoal e presidencial. Através das suas declarações, ele é responsável pela desunião da esquerda", afirmou o eurodeputado e secretário-geral do Partido Socialista, Pierre Jouvet.
Para mostrar a sua boa-fé, os participantes de esquerda na reunião dizem que querem uma mudança de direção política, em particular no que diz respeito às pensões.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro interino de direita, Michel Barnier, no cargo há apenas três meses, foi forçado a demitir-se, após um voto histórico de censura na Assembleia Nacional, que após as eleições legislativas antecipadas de julho se encontra fragmentada em três blocos (aliança de esquerda, macronistas/direita e extrema-direita) e sem maioria absoluta.
A pressão para nomear rapidamente um novo chefe de Governo está ligada, nomeadamente, à situação financeira do país, já que a França tem o pior desempenho dos 27 Estados-membros da União Europeia, com exceção da Roménia, a nível de Produto Interno Bruto (PIB).
Na quarta-feira, o projeto de "lei especial" anunciado por Macron após a censura do Governo, para permitir ao Estado cobrar impostos a partir de 1 de janeiro, será apresentado numa reunião do Conselho de Ministros ainda presidida por Michel Barnier, segundo o Eliseu.
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