Os ataques coordenados e a forma como o grupo de orcas atua são explicados num estudo assinado por investigadores mexicanos e norte-americanos e publicado pela Frontiers in Marine Science, noticiou na sexta-feira a agência Efe.
A equipa observou quatro destes eventos de caça e as orcas exibiram uma técnica de caça colaborativa caracterizada por se focar no ataque à região pélvica do tubarão-baleia.
O biólogo marinho Erick Higueras, principal autor do artigo, descreveu como "muito impressionante a forma como as orcas trabalham em conjunto de forma estratégica e inteligente para aceder apenas a uma área muito específica da presa".
"Isto destaca como são grandes predadores", vincou.
Os investigadores acreditam que o grupo de orcas pode ter adquirido conhecimentos especiais que lhes permitem caçar desta forma o maior peixe do mundo, que pode atingir os 18 metros de comprimento, pode ler-se no estudo.
Os tubarões-baleia alimentam-se em zonas de concentração no golfo da Califórnia, por vezes enquanto ainda são jovens e pequenos, e há evidências que sugerem que as orcas podem estar a caçá-los, sem sucesso.
No entanto, os quatro casos agora descritos são diferentes, pois todos os membros trabalham em conjunto e podem pertencer a um grupo especializado na caça de tubarões, segundo os investigadores.
Uma orca macho chamada Moctezuma esteve presente em três dos quatro eventos de caça. Além disso, uma fêmea previamente observada na presença do primeiro também participou num caso, sugerindo que poderiam ser familiares ou membros do mesmo bando.
Na caça, todos os membros do grupo trabalham em conjunto, golpeando o tubarão-baleia para o virar de cabeça para baixo, posição em que este entra num estado de imobilidade e já não consegue mover-se voluntariamente ou escapar indo mais fundo, explicou Higuera, citado pela Frontiers.
Ao mantê-lo sob controlo, as orcas terão mais facilidade e rapidez em aproximar-se da região pélvica do tubarão e poderão extrair órgãos de importância nutricional para elas.
As orcas podem ter como alvo o ventre porque se acredita ser a área menos protegida do seu corpo, com menos músculos e cartilagens, permitindo um acesso mais fácil à aorta.
Embora o fígado do tubarão-baleia seja uma parte importante da dieta das orcas, não foram observadas fotografias destas a consumir este órgão.
Caçar desta forma pode significar que algumas orcas no Golfo da Califórnia adquiriram capacidades especiais que as ajudam a caçar tubarões-baleia.
Noutras regiões, também podem ter aprendido a fazer o mesmo, mas as provas são limitadas, segundo os investigadores.
Os eventos de caça ocorreram entre 2018 e 2024 no sul do Golfo da Califórnia e foram captados em imagens e vídeos, e as orcas individuais foram identificadas através da análise de fotografias de barbatanas dorsais e de características distintivas, como cicatrizes.
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