"Scholz não tem qualquer futuro no próximo parlamento, mesmo que seja o candidato do SPD. Com um governo liderado por Friedrich Merz, não será seguramente ele a ocupar o lugar de ministro das Finanças e não terá qualquer outra pasta", sublinha o politólogo Uwe Wagschal, da Universidade de Friburgo.
"Na primavera do próximo ano completa 67 anos, e está fora. Portanto, acredito que o mais acertado seria apostar na figura mais forte do partido para candidato, e esse é sem dúvida Boris Pistorius", acrescenta em declarações à agência Lusa.
Numa entrevista aos órgãos de comunicação RTL e ntv, na terça-feira, Scholz assumiu que as "discussões que estão a decorrer agora são completamente corretas", sublinhando que ele e o SPD querem "ganhar juntos". A decisão está, para já, na direção do partido que a deverá tornar pública antes de 30 de novembro.
"Penso que seria uma boa estratégia mudar do candidato Olaf Scholz para Boris Pistorius por diversos motivos. Primeiro, Pistorius está a sair-se bem nas sondagens, é atualmente o político alemão mais popular", aponta Wagschal.
Numa sondagem divulgada na terça-feira pelo instituto INSA, Olaf Scholz ocupa o último lugar numa lista que classifica a popularidade de 20 políticos alemães. Em primeiro lugar, surge o ministro da Defesa, Boris Pistorius.
Com 31,4 pontos, o ainda chanceler caiu em relação à semana passada e está agora atrás da ministra do Interior, Nancy Faeser, também ela do SPD (31,7 pontos) e do co-líder da Alternativa para a Alemanha (AfD), Tino Chrupalla (31,9 pontos). Pistorius lidera o ranking com uma margem significativa, tem 52,8 pontos, mais de 20 que Scholz.
"A situação é diferente de outros casos em que o SPD conseguiu aproximar-se dos conservadores. Suponho que o apoio ao SPD subirá para cerca de 20%, mas não conseguirá ganhar as eleições com o atual chanceler Scholz", salientou o politólogo Lothar Probst.
"Provavelmente, a hipótese de recuperar o atraso seria muito maior com Pistorius, mas, no passado, verificou-se que os novos candidatos nem sempre fazem a diferença e que o seu desempenho eleitoral pode diminuir rapidamente, como aconteceu com Martin Schulz", recordou o especialista à Lusa.
Uwe Wagschal duvida que o SPD consiga uma vitória, mesmo que a aposta para candidato a chanceler recaia em Pistorius. Ainda assim, os resultados poderiam ser melhores e dar mais força ao partido no Bundestag.
Mas o ministro da Defesa não vê os seus índices de popularidade como uma obrigação para com o seu partido.
"Não. Estou satisfeito por o meu trabalho estar a ser reconhecido. Mas que um partido tire esta ou aquela conclusão é uma questão completamente diferente", admitiu aos jornalistas.
Questionado sobre se estaria preparado para candidatar-se às eleições federais caso Scholz não estivesse na corrida, Pistorius respondeu que não comenta "perguntas hipotéticas".
"Porque uma resposta que dou hoje pode já não ser válida depois de amanhã", justificou.
Nas últimas sondagens para as eleições, a União Democrata Cristã (CDU), liderada por Friedrich Merz, surge em primeiro lugar com 32 a 33% dos votos. Em segundo lugar surge a AfD com 18 a 19%. O SPD aparece como a terceira força mais votada com 15 a 16%.
A Alemanha vai a eleições em fevereiro, sete meses antes do previsto, depois da dissolução da coligação semáforo, da qual faziam parte o SPD, os Verdes e os Liberais do FDP. Depois da demissão do ministro das Finanças, Christian Lindner, e pressionado pela oposição e pela opinião pública, o chanceler, que lidera um governo minoritário, decidiu convocar uma moção de confiança para 16 de dezembro.
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