"Portugal, obviamente, faz um grande investimento na exposição de Osaka e, para além de divulgar a cultura e a tradição portuguesa, o objetivo é também colher os resultados económicos que esta exposição pode produzir para Portugal", referiu Ricardo Arroja, que falava aos jornalistas no final do encontro sobre a participação de Portugal na Expo 2025 Osaka, que decorreu na sede da entidade.
Aliás, "Portugal e o Japão têm uma relação bilateral já bastante estabelecida, naturalmente há potencial de crescimento dessa mesma relação".
A partir da AICEP "procuramos promover a internacionalização da economia portuguesa, nomeadamente as atividades internacionais que as empresas portuguesas possam ter no Japão e noutros locais e, portanto, o Japão serve também de alavanca da nossa presença na Ásia, além disso, a agência tem também "como objetivo promover a atração de investimento direto estrangeiro para Portugal".
Ricardo Arroja salientou que o Japão "é um país onde já existem empresas portuguesas a operar, apontando que "neste momento há sensivelmente 1.000 empresas que exportam diretamente bens" para o mercado nipónico.
"O objetivo, obviamente, é crescer muito para além desse número para que o Japão possa ser uma base não só de exportação portuguesa, mas também da internacionalização das empresas portuguesas, nomeadamente aquelas que têm maior ambição e que têm recursos para o fazer em paragens tão longínquas quanto as terras japonesas", salientou.
Simultaneamente, "também temos em Portugal investimento direto estrangeiro do Japão em vários domínios", entre os quais agricultura, indústria, energia, tecnologia, ciência, entre outros.
"Enfim, há aqui um mar de oportunidades que Portugal e o Japão podem desenvolver em conjunto numa altura em que Portugal está tão bem lançado para conciliar o que é tradição portuguesa, [...] e a modernidade e a tecnologia e a ciência que Portugal também é capaz hoje de projetar para o mundo e que interessa, nomeadamente, a alguns destes países mais avançados, como o Japão", sublinhou.
O presidente da AICEP enumerou os vários domínios onde Portugal "se compara bem na senda internacional", quer na "grande liderança no domínio das energias renováveis" como também é cada vez "mais competitivo" nas ciências da vida.
Destacou a agricultura, "onde se assiste a uma grande modernização também das tecnologias de produção" ou a aeronática, "em que Portugal está também muito bem cotado" ou ainda os têxteis técnicos.
Em suma, "não faltam oportunidades para que Portugal beneficie do investimento direto estrangeiro do Japão", sendo que atualmente, "em Portugal, existe um stock de investimento direto japonês de sensivelmente 600 milhões de euros", adiantou.
Portanto, "podemos crescer muito para além deste valor, assim haja um bom conhecimento de Portugal junto ao Japão".
Nesse sentido, a AICEP, a par da exposição, "vai organizar um conjunto de seminários económicos focados" na mobilidade, nas ciências da vida e na economia do mar, em Tóquio, em alinhamento com as semanas temáticas na Expo 2025.
O seminário da mobilidade decorre a 22 de maio, da ciências da vida a 01 de julho, outro de defesa a 08 de agosto e o seminário economia azul a 24 de setembro.
A economia do mar é "uma atividade que é transversal a uma série de setores económicos", como agricultura, energia, telecomunicações, pescado, onde Portugal "se pode posicionar e, portanto, beneficiar, de facto, da capacidade de investimento que o Japão evidencia".
A AICEP e a Startup Portugal vão levar 'startups' e 'scaleups' portuguesas ao Japão, estando as inscrições abertas até 13 de abril.
Ricardo Arroja salientou que a indústria automóvel, "naturalmente", é um setor "onde também existem investimentos relevantes de entidades japonesas" em Portugal.
Questionado sobre eventuais investimentos do Japão em Portugal, o presidente da AICEP rematou: "Na AICEP, só comunicamos os investimentos quando estão concretizados".
Agora, "a resposta, quanto ao 'pipeline', é sim, estamos em interação com investimentos de várias geografias e o Japão, obviamente, é um país onde a AICEP tem presença", onde tem escritório em Tóquio.
Sobre a presença de Portugal na Expo 2025 Osaka, salientou que "o pavilhão é muito bonito", sendo feito com base em cordas suspensas, "numa arquitetura que funciona muito bem", tratando-se de um projeto "que faz uso das temáticas da reciclagem".
No âmbito da temática "que é encerrada pela exposição universal, temos, de facto, algo como um apologista de biodiversidade, da proteção do ambiente, como um país que combina uma fusão virtuosa entre natureza e novas oportunidades de desenvolvimento económico".
O objetivo, "enquanto responsável da AICEP, é projetar uma imagem digna, moderna e forte de Portugal naquela zona do mundo".
Questionado sobre as tarifas aplicadas pelos Estados Unidos, Ricardo Arroja declinou falar sobre o tema. Contudo, adiantou que "Portugal procura diversificar os seus mercados" e, no caso do Japão, Lisboa pode "crescer muito mais".
E reforçou: "o objetivo de Portugal passa, naturalmente, por diversificar os seus mercados de exportação e a Ásia, hoje em dia, abrange um conjunto de países para os quais estão previstas taxas de crescimento que são muito mais elevadas do que ocorre no mundo ocidental".
[Notícia atualizada às 13h12]
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