Postos de combustíveis em Moçambique pedem segurança após prejuízos

Os revendedores de combustíveis em Moçambique pediram hoje proteção policial após a vandalização de pelo menos 30 postos de abastecimento durante protestos pós-eleitorais, com prejuízos de 195,7 milhões de meticais (2,8 milhões de euros) e 400 desempregados.

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© ALFREDO ZUNIGA/AFP via Getty Images

Lusa
24/03/2025 06:56 ‧ há 2 dias por Lusa

Economia

Moçambique

"Queríamos que tivesse uma patrulha constante ao nível dos postos de abastecimento, porque são mais vulneráveis, não têm uma vedação que permitisse que os manifestantes não entrassem com facilidade. Se houvesse a possibilidade de termos vigilância, a segurança, o patrulhamento sobretudo à noite", pediu o presidente da Associação dos Revendedores de Combustível de Moçambique (Arcomoc), Nelson Mavimbe.

 

O responsável adiantou, em entrevista à Lusa, que o apelo já foi submetido ao Governo através do Ministério do Interior, com o intuito de garantir proteção dos postos de combustíveis, que têm sido destruídas desde o início das manifestações pós-eleitorais, em outubro passado.

Nelson Mavimbe disse que os maiores danos reportados pelos cerca de 200 associados, de um total de quase 900 revendedores existentes no país, ocorreram na cidade da Matola, na província de Maputo, sul do país, seguido da capital moçambicana.

Os dados levaram à perda de cerca de 400 empregos após vandalizações e destruições, tendo sido afetados dezenas de postos, alguns permanecendo encerrados.

"Os que continuaram em operação, ainda que seja a meio gás, também tiveram que reduzir o número de trabalhadores, porque os postos não estão a funcionar na sua plenitude", disse Mavimbe.

Nos postos de abastecimento, acrescentou, foram vandalizadas mercearias e lojas que operam no mesmo espaço, com o roubo sobretudo de equipamentos informáticos.

Os dados apresentados à Lusa apontam que pelo menos 30 empresários do ramo associados à organização ficaram afetados com as vandalizações de postos de abastecimento.

"Até aqui temos um apuramento de cerca de 195.760.859 meticais [2,8 milhões de euros] de prejuízos (...) mas é bem provável que conheça alguma alteração porque há trabalhos que continuam a ser feitos", disse Nelson Mavimbe, antecipando que "os impactos foram de facto maiores, negativos e avultados".

Como consequência das vandalizações, os revendedores de combustíveis sentem outras dificuldades, como o "incumprimento das obrigações fiscais", incluindo saldar as prestações bancárias, e referem ainda os impactos sociais com a inexistência de bombas de combustíveis nas comunidades.

"Estamos à espera que a situação normalize para podermos fazer alguma recuperação ou reposição dos danos causados", afirmou Mavimbe, admitindo que os empresários temem fazer investimentos para colocar as bombas novamente a funcionar, face à incerteza sobre a ocorrência de novos tumultos.

Os empresários do ramo apelam ao diálogo para a restauração da estabilidade no país, pedem linhas de financiamento e abertura do país para novos investidores num clima de segurança.

"É importante que se encontrem consensos, porque não há nenhum investidor que vai apostar [em investir no país]" sem estabilidade, concluiu Mavimbe.

Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro, que deram a vitória a Daniel Chapo.

Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.

Desde outubro, pelo menos 361 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 3.500 feridos durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais

O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias, durante as manifestações.

Leia Também: Financiamento dos EUA permite retomar megaprojeto de gás em Moçambique

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