Samu Aghehowa, avançado do FC Porto, concedeu, esta quarta-feira, uma entrevista ao jornal espanhol ABC, na qual recordou os primeiros anos de vida num centro de acolhimento em Melilla, no norte de África, e a infância em Sevilha.
"Todas as pessoas que vêm de África têm de passar pelo mesmo. É sempre uma história de superação. Estou muito orgulhoso da mãe que tenho e devo-lhe tudo. Lutou a vida toda para ter uma vida melhor. E, graças a Deus, tudo correu bem", contou Samu, que nunca esteve na Nigéria, país de origem da mãe.
"Nunca tive a sorte de ir, espero que um dia consiga ir lá de férias. Agora tenho muitos jogos e não tenho muito tempo, mas espero ir. Claro que quero conhecer as origens da minha mãe e ela também tem muita vontade de voltar. Sei que tenho muita família lá, mas não conheço ninguém. A minha mãe não fala muito sobre o assunto, mas sei que fala muito com as pessoas que deixou lá", prosseguiu o dianteiro.
Samu mudou-se depois para cidade espanhola de Sevilha, nomeadamente para o bairro Cerezo. Mais tarde, acabou por ter de começar a ir aos treinos a pé.
"Sinceramente, não sei por que é que fomos para Sevilha. Mas não havia melhor sítio para ter crescido do que o meu bairro. É um lugar de gente humilde onde passei toda a minha infância e recordo-o sempre com muito carinho. A minha mãe tinha de trabalhar para tomar conta de mim e da minha irmã. Graças a Deus, tínhamos uma vizinha que considero uma segunda mãe. Ela e o marido, o Antonio. Foi ele que fez com que entrasse na minha primeira equipa e era ele que me levava aos treinos quando a minha mãe não podia", vincou, antes de falar sobre os tempos no Sevilha.
"O Sevilha pagava-me o metro ou o autocarro. Mas claro que houve dias em que nem sequer tinha nada para comer e isso é duro. Acho que nenhuma criança tem de passar por isso. Foi complicado, muito complicado. Pensas em muitas coisas… Por que é que isto me acontece a mim e coisas assim", ressaltou.
Samu, que não vive propriamente uma fase goleador - soma apenas dois golos em 2025 -, desvalorizou este período com menos golos.
"Estou muito bem. Grato ao clube pela oportunidade, espero que as coisas continuem como estão e que possamos conquistar título. Sempre fiz golos, graças a Deus. É algo que tenho dentro de mim e a verdade é que estou a ir muito bem. O jogador que marca golos é aquele que é mais valioso, sei disso. Mas se não puder fazer golos, que ao menos ajude a equipa de outra forma, com trabalho", finalizou.
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