Foi nos seus mandatos que a FPF atingiu o 'Olimpo', quer com o inédito título europeu da seleção 'AA' em 2016, quer com a conquista do Mundial para o país em 2030, numa parceria com Espanha e Marrocos, dois 'feitos' que lhe granjearam a fama de brilhante gestor.
Hermético, avesso a entrevistas -- contam-se pelos dedos as que deu durante os seus 13 anos como líder federativo -- e de semblante sempre fechado, o portuense cobriu de 'glória' a FPF, ao mesmo tempo que a fechou ao mundo, tornando-a mais numa 'empresa' do que numa 'casa' próxima dos portugueses.
Fernando Soares Gomes da Silva, de 73 anos e pai de três filhos, vai procurar captar para o organismo olímpico mais investimento privado ao mesmo tempo que potencia a imagem da instituição e dos seus atletas, também com o peso da responsabilidade do legado de excelência dos três mandatos de José Manuel Constantino, completados por Artur Lopes, após a morte do anterior presidente.
Antes de enveredar pelo dirigismo desportivo, o antigo basquetebolista - e confesso amante da modalidade - protagonizou uma carreira como base coroada com um campeonato nacional, pelo FC Porto, e licenciou-se na Faculdade de Economia da Universidade do Porto em 1976, onde foi assistente.
Profissionalmente, foi coordenador dos sistemas de informação do Grupo Amorim e foi igualmente 'controller' de empresas externas, passando depois para gestor geral da SIAG, uma empresa de sistemas de informação do grupo Sonae.
Uma década depois, e quando já tinha concluído a carreira desportiva, Fernando Gomes tornou-se diretor do FC Porto, com a responsabilidade pelo departamento de basquetebol.
Em 1994, assumiu o cargo de vice-presidente do clube para a área do marketing e, com a profissionalização do emblema 'azul e branco' e o advento das SAD, foi aparecendo em diversos cargos ligados à estrutura de futebol dos 'dragões', assumindo um lugar na administração com o pelouro financeiro.
Depois, liderou a extinta Liga de Clubes de Basquetebol, de 1995 a 1996, e sucedeu a Hermínio Loureiro na Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), em 2010 e 2011, consolidando as suas pretensões à FPF, num caminho recentemente seguido por Pedro Proença, que tomou os seus dois últimos cargos.
Foi na FPF que ganhou notoriedade e também títulos internacionais, com o Euro2016 e a Liga das Nações de futebol à cabeça, mas também um Mundial e dois Europeus de futsal e dois títulos mundiais de futebol de praia, potenciando ainda o crescimento do futebol feminino, com a tutela da Liga e os inéditos apuramentos da seleção para um Europeu e Mundial.
Conduziu a candidatura ao Mundial2030, para uma organização conjunta com Espanha e Marrocos, depois de Portugal já ter voltado a receber um grande evento desportivo, com a 'final four' da Liga das Nações de 2019, edição inaugural da nova competição europeia que Portugal venceu, no Porto.
Sob a sua liderança, Portugal foi anfitrião de três finais da Liga dos Campeões, uma em 2014, no Estádio da Luz, em Lisboa, que, durante a pandemia de covid-19, voltou a receber o encontro da edição de 2019/20 da competição, após uma inédita fase final disputada na capital portuguesa, e no Estádio do Dragão, no ano seguinte.
A Cidade do Futebol, em Oeiras, construída durante o seu mandato e inaugurada em 2016, é uma das 'coroas' da sua liderança federativa, entretanto revista e aumentada, com quartos e um pavilhão para o futsal.
Lançou ainda o canal televisivo 11 e a Portugal Football School, um projeto de capacitação e formação, outras das bandeiras dos 13 anos da sua gestão federativa, enquanto, a título pessoal desempenhou cargos nos organismos de cúpula do futebol, como no Comité Executivo da UEFA e no Conselho da FIFA.
Esperava-se que, ao sair da FPF, assumisse funções nas instâncias internacionais do futebol, contudo Gomes lançou-se na corrida à presidência do COP, por acreditar, segundo declarou em entrevista à Lusa, ainda ter capacidades para continuar a "servir" Portugal.
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