Luís Tinoco, um compositor versátil e divulgador da música erudita

O compositor Luís Tinoco, vencedor do Prémio Pessoa, hoje anunciado, tem uma carreira premiada que percorre a composição e a orquestração, dedicando-se ainda ao ensino e projetos comunitários que promovem o acesso ao património da música erudita.

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Lusa
12/12/2024 14:42 ‧ há 2 semanas por Lusa

Cultura

Prémio Pessoa

Nascido em 1969, em Lisboa, numa família de músicos - filho do pianista e arquiteto José Luís Tinoco - Luís Bernardo Silva Tinoco, é autor de uma vasta obra que se distribui pela ópera e música teatral, pelo repertório de câmara e sinfónico, e pelo bailado.

 

Começou a estudar piano com a avó paterna, a concertista Maria Carlota Tinoco, discípula do compositor e professor Viana da Motta (1868-1948), mas acabou por fazer uma incursão no cinema antes de descobrir a vocação maior pela música.

Após concluir o ensino secundário, ingressou na Escola de Teatro e Cinema do Conservatório Nacional, em Lisboa, tendo depois frequentado o curso de Audiovisuais na Faculdade de Design Tecnologia e Comunicação e o de desenho e História de Arte na Sociedade Nacional de Belas Artes.

Depois de descobrir que a música era o seu universo de eleição, Luís Tinoco foi estudar jazz com Mário Laginha em 1991 e, dois anos mais tarde, entrou na Escola Superior de Música de Lisboa, onde teve como orientadores José Carlos Buonacorso, Christopher Bochmann e António Pinho Vargas, segundo dados biográficos patentes na Infopédia.

Ali completou o curso de composição em 1996, licenciando-se com nota de 19, altura em que criou o Quinteto para saxofone soprano, fagote, piano, viola e violoncelo, o Quarteto de Cordas e 'Perpetuum'.

Luís Tinoco fez mestrado e doutoramento, respetivamente, nas britânicas Royal Academy of Music e Universidade de York.

As suas composições têm sido interpretadas pelas principais orquestras portuguesas - nomeadamente a Sinfónica Portuguesa, Gulbenkian, Metropolitana e da Casa da Música - bem como por agrupamentos internacionais de referência como a Orquestra Filarmónica de Londres, a Orquestra Sinfónica de Seattle, a Orquestra Sinfónica Brasileira e a Orquestra Sinfónica do Estado de São Paulo.

Entre as suas principais obras dos últimos anos destacam-se 'Canções do Sonhador Solitário', 'Before Spring', 'Frisland', 'O Sotaque Azul das Águas', 'Concerto para Violoncelo', 'Alepo' e 'Dreaming of the Unseen', segundo a biografia divulgada pela organização do Prémio Pessoa.

O seu catálogo inclui obras vocais e música de cena como 'Search Songs' (2007) - para soprano e orquestra, com textos de Alexander Search, ou 'From the Depth of Distance' (2008) - para soprano e orquestra, com textos de Walt Whitman e Álvaro de Campos, e 'Evil Machines' (2008) - uma fantasia musical com libreto e encenação do membro dos Monty Python Terry Jones.

Criou obras tão diversas como 'Paint Me' (2010), uma ópera de câmara com libreto de Stephen Plaice e encenação de Rui Horta, 'Passeios do Sonhador Solitário' (2011), uma cantata com libreto de Almeida Faria, ou 'Lídia' (2014), um bailado com coreografia de Paulo Ribeiro, encomendado pela Companhia Nacional de Bailado.

Nos trabalhos orquestrais incluem-se 'Cercle Intérieur' (2012), estreada pela Orquestra Filarmónica da Radio France na Cité de La Musique em Paris, 'FrisLand' (2014), estreada pela Orquestra Sinfónica de Seattle no Benaroya Hall da cidade de Seattle, nos Estados Unidos, e 'Incipit' (2015), para orquestra sinfónica, composta para celebrar os 450 anos da fundação da cidade do Rio de Janeiro, e estreada pela Orquestra Sinfónica Brasileira no Theatro Municipal daquela cidade do Brasil.

Este ano, Luís Tinoco - cujo trabalho é conhecido por "um sólido domínio da forma e da instrumentação", segundo o júri do Prémio Pessoa - estreou 'Out of Order', para dois pianos, e o Concerto n.º 2 para Violoncelo e Orquestra.

De 2016 a 2018, Tinoco ocupou o cargo de compositor residente no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, e, na temporada de 2017, foi Artista Associado da Casa da Música, no Porto.

Paralelamente à atividade de compositor, o Prémio Pessoa 2024 tem desenvolvido atividade pedagógica na Escola Superior de Música de Lisboa, e em numerosas oficinas de formação intensiva em Portugal e no estrangeiro.

Em Portugal, também deu aulas de música na Escola de Jazz Luís Villas-Boas, do Hot Clube de Portugal, na Escola Profissional de Arcos do Estoril, na Academia de Artes e Tecnologias, e na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, no Porto.

Luís Tinoco dirige há vários anos o Prémio e Festival Jovens Músicos da RDP, criado para estimular e promover novas gerações de intérpretes formados pela rede de escolas de música de todo o país.

Como autor e produtor de programas de rádio, entre 2000 e 2003 apresentou 'A Partitura de Um Século' e 'Geografia dos Sons' na Antena 2.

Em 2001 tornou-se codiretor artístico e cofundador do ensemble de música contemporânea OrchestrUtopica.

Ao mesmo tempo, Luís Tinoco também se dedica a diversos projetos de extensão comunitária que promovem o acesso alargado ao património da música erudita, sublinha a organização do 38.º Prémio Pessoa.

Luís Tinoco ganhou, em 1995, o Prémio de Composição Lopes-Graça e, em 2000, o Prémio Revelação Ribeiro da Fonte, do Ministério da Cultura, e o Prémio de Composição Cláudio Carneyro.

No Reino Unido, entre 1997 e 1999 conquistou cinco prémios atribuídos pela Royal Academy of Music e nesse último ano ganhou o primeiro prémio no concurso Galliard Ensemble.

Leia Também: Marcelo salienta "mérito extraordinário" do compositor Luís Tinoco

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