A produção de baterias de lítio--ferro-fosfato (LFP) para carros será instalada na atual fábrica da Stellantis em Saragoça, no nordeste de Espanha, disseram as duas empresas num comunicado.
O início da produção está previsto para o final de 2026, podendo atingir uma capacidade de 50 GWh (gigawatts por hora), "dependendo da evolução do mercado da eletricidade na Europa e do apoio contínuo das autoridades espanholas e da União Europeia", lê-se no mesmo comunicado.
"Concebida para ser totalmente neutra em termos de carbono, a fábrica de baterias será implementada em várias fases e planos de investimento", segundo a multinacional Stellantis e a CATL, que deterão a nova empresa em partes iguais.
As duas empresas assinaram em novembro de 2023 um acordo estratégico para o fornecimento local de células e módulos de baterias LFP para a produção de veículos elétricos na Europa e estabeleceram "uma colaboração a longo prazo".
Espanha é atualmente o segundo maior produtor de carros europeu, a seguir à Alemanha, tendo sido montados no país em 2023 1,87 milhões de automóveis (3,96 milhões na Alemanha).
A Stellantis é um dos maiores fabricantes de automóveis do mundo e tem no portefólio marcas como Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Citroën, Dodge, DS Automobiles, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati, Opel, Peugeot, Ram, Vauxhall, Free2move e Leasys.
O grupo tem uma fábrica em Portugal, em Mangualde, no distrito de Viseu, onde em outubro começou a produzir carros elétricos em série, nas versões de passageiros e comerciais ligeiros, destinados aos mercados doméstico e de exportação.
Já a CATL, fundada em 2011 na China, produz mais de um terço das baterias para veículos elétricos vendidas em todo o mundo e que são usadas em marcas como Mercedes-Benz, BMW, Volkswagen, Toyota, Honda e Hyundai.
A CATL está atualmente a construir a sua segunda fábrica europeia na Hungria, depois de arrancar com a primeira na Alemanha em janeiro de 2023.
O presidente da Stellantis, John Eljann, citado no comunicado de hoje, destacou o compromisso da empresa "com um futuro descarbonizado e com tecnologias avançadas de baterias" e assegurou que a colaboração com a CATL é um impulso à sua capacidade "para produzir veículos competitivos".
O presidente executivo da CATL, Robin Zeng, afirmou por seu turno que este investimento em Saragoça eleva a colaboração com a Stellantis "a novos níveis".
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, que recebeu Robin Zeng na segunda-feira em Madrid, na sede do Governo, disse hoje estar "muito satisfeito" com o anúncio deste investimento em Saragoça e agradeceu aos presidentes das duas empresas.
"A colaboração público-privada vê-se em acordos como o que foi selado hoje", acrescentou Sánchez, numa publicação na rede social X.
Segundo o ministro da Indústria de Espanha, Jordi Hereu, o Governo espanhol tem mantido conversações e negociações com a Stellantis nos últimos dois anos e a empresa recebeu "uma soma de ajuda pública", que considerou tão importante como o acordo conjunto anunciado hoje pelos dois fabricantes.
Para Jordi Hereu, que falava numa conferência de imprensa em Madrid, o investimento anunciado pela Stellantis e pela CATL é "um grande sinal da aposta da indústria automóvel em Espanha", num momento de transição energética e descarbonização da economia europeia.