O projeto visa promover iniciativas de alfabetização mediática e de promoção das literacias junto de jornalistas, jovens e sociedade em geral.
"Como é que o espaço público virtual passou a ser editado?", questionou o ex-ministro.
Para responder à pergunta, Poiares Maduro identificou três componentes fundamentais, sendo a primeira cognitiva, "a forma como as pessoas forma a suas opiniões".
"Não se consegue formar uma opinião sem selecionar informação, se não se der mais validação a certa informação do que outra. E essa dimensão cognitiva é muito importante para a formação das preferências políticas", disse.
A segunda componente que identificou é uma componente epistémica, através de um "acordo implícito epistémico" que permitia determinar o que era verdadeiro e falso, o que foi "totalmente colocado em causa", mencionou.
"As formas como hoje se determina o que é falso e verdadeiro foram completamente revolucionadas (...) e isto hoje resulta numa forma de polarização e radicalização muito acentuada", disse, acrescentando uma componente deliberativa.
Para Miguel Poiares Maduro, "esses pressupostos cognitivos e epistémicos assentavam em determinadas formas de aquisição de informação (...)" e isso "está a ser profundamente colocado em causa, sem se ter ainda um consenso quanto às novas formas de edição".
Por sua vez, o coordenador geral do Iberifier, Ramón Salaverría, referiu que para combater a desinformação é preciso defender a informação, "algo que provavelmente não se está a fazer com a decisão e o imperativo democrático que se impõe".
Para o coordenador existe uma necessidade de defender a liberdade de informação, pois há diversas formas de condicionar a liberdade dos cidadãos, "uma delas é a disseminação deliberada e estratégica de desinformação" e a outra implica colocar limites à informação que todos os cidadãos têm direito.
Neste sentido, "deve-se defender o direito à informação (...) o que obriga a combater a desinformação", concluiu.
Já responsável pelo projeto em Portugal, Gustavo Cardoso, disse à agência Lusa que "não se deve proibir ninguém de se expressar, mas se essa expressão ataca algum valor ou alguma pessoa (...) há que efetivamente implementar limites", fazendo um balanço muito positivo da conferência.
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