Luís Montenegro falava na abertura no debate preparatório do Conselho Europeu, no último plenário da XVI legislatura, cerca de uma semana depois da demissão do Governo, provocada pelo chumbo de uma moção de confiança apresentada pelo executivo minoritário PSD/CDS-PP.
"Todos sabemos que estamos numa altura crítica, numa altura em que foi anunciado um cessar-fogo parcial aplicado às infraestruturas energéticas e que, não sendo a situação desejável, é ainda assim um primeiro sinal positivo", afirmou.
Montenegro acrescentou que será necessário "aguardar para ver como evolui", considerando ser ainda cedo "para tirar grandes ilações".
"Não há dúvida também que há um consenso muito alargado no seio da União de que um processo de paz para a Ucrânia e para este conflito tem de envolver a Ucrânia, tem de envolver a União Europeia, para poder compaginar uma paz justa e duradoura no respeito pela soberania da Ucrânia e no respeito pela aplicação do direito internacional", defendeu.
Hoje, durante uma visita oficial à Eslovénia, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tinha-se manifestado insatisfeito com a trégua limitada na Ucrânia acordada e dito nem sequer ser "um primeiro passo para a resolução" do conflito.
"Aquilo que Portugal tem defendido é que o cessar-fogo, bem-vindo, não devia ser uma ilusão, devia ser uma oportunidade para construir uma paz digna, justa, duradoura. Ficámos ontem a saber que não é ainda isso. Não se trata de ser um primeiro passo para a resolução do problema e a criação de condições para uma paz justa, digna e duradoura. Nessa medida, embora sendo esperado, ou temido, não é uma boa notícia", disse.
Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou a importância de os Estados Unidos da América (EUA) permanecerem comprometidos com o processo até ser alcançada uma paz duradoura e depois disso.
No final da intervenção do primeiro-ministro no parlamento, o presidente da Mesa em exercício Rodrigo Saraiva anunciou perante a câmara que estavam a assistir ao debate uma delegação composta por parlamentares ucranianos que fazem parte do Grupo de Amizade Portugal-Ucrânia e a Embaixadora da Ucrânia em Lisboa -- que foram aplaudidos por todos os partidos exceto o PCP.
Após este anúncio, e antes de responder a perguntas colocadas pela bancada do PSD, Luís Montenegro fez questão de saudar em nome do Governo esta delegação e a embaixadora, que entretanto já não se encontravam no hemiciclo.
Numa conversa telefónica na terça-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin, concordaram com uma trégua de 30 dias na Ucrânia, limitada às infraestruturas energéticas.
Na terça-feira à noite, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que Putin "rejeitou efetivamente a proposta de cessar-fogo" apresentada pelos Estados Unidos e que prosseguiu os ataques contra a Ucrânia.
[Notícia atualizada às 16h21]
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