Na sua cerimónia de jubilação, que decorreu hoje na Aula Magna, em Lisboa, Sampaio da Nóvoa afirmou que hoje encerra "o ciclo maior da sua vida" e, a partir de agora, passará a estar focado "em duas obrigações: o futuro e os direitos humanos".
Num discurso em que apresentou a sua visão sobre o mundo e o país, o ex-candidato presidencial defendeu que a política se deve abrir à sociedade civil, considerando que "nenhum dos grandes problemas de Portugal se resolverá no circuito interno, fechado da política".
"Os partidos serão melhores, para bem de todos, se souberem abrir-se à sociedade, se forem abertura e não fechamento, se forem participação e não isolamento. As ditaduras nascem sempre do enfraquecimento dos partidos", avisou.
Depois, abordando a temática da liberdade, Sampaio da Nóvoa defendeu que não se pode "continuar a viver asfixiados no meio de pessoas que estão absolutamente certas de terem razão", frisando que, "nelas, cresce sempre, mais cedo ou mais tarde, o vírus das ditaduras".
"Não necessitamos de quem ponha o país na ordem. Precisamos de educação, de conhecimento, de ciência, de cultura, de pessoas despertas, curiosas e atentas. Não, não precisamos de guerra, nem de espíritos bélicos, precisamos de diplomacia e de paz, porque procurar a paz não é uma escolha ou uma opção, é um dever, uma responsabilidade coletiva", disse.
Sobre os Direitos Humanos, Sampaio da Nóvoa frisou que, muito para além da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, há hoje "novos direitos que marcam os grandes desígnios" desta época, referindo-se aos "direitos da terra", "os direitos do digital comum", "os direitos das liberdades", "os direitos das diversidades", "os direitos dos trabalhos e do ócio" e "os direitos de uma vida longa".
Perante uma plateia composta por várias personalidades - como a vice-presidente do PSD Leonor Beleza, o ex-coordenador do BE Francisco Louçã, o ex-presidente Ramalho Eanes ou o Capitão de Abril Vasco Lourenço, e durante uma cerimónia na qual intervieram o Presidente da República e o presidente do Conselho Europeu, António Costa -, Sampaio da Nóvoa defendeu que "é destes temas que se deveria estar a falar".
"São eles que nos deviam pré-ocupar, que nos deviam preocupar e ocupar", frisou.
Sampaio da Nóvoa pediu que não se fique "à espera que os outros façam o que cada um de nós tem a obrigação de fazer", acrescentando que, "esteja onde estiver, no lugar mais simples ou no mais alto cargo da Nação, a cidadania não tem medida, é de igual responsabilidade para todos".
"O presente é uma passagem, o futuro é um caminho. Nunca me escondi, nem antes nem depois de Abril, na luta pela liberdade, na defesa da universidade e da escola pública, no esforço para construir um país com menos desigualdades e mais futuro, na dedicação ao trabalho por uma humanidade comum. Agora já não tenho emenda", disse.
"Como todos perceberam, isto não foi uma lição e muito menos a última. Foi, é, uma continuação", disse.
Depois deste discurso, em declarações aos jornalistas, Sampaio da Nóvoa foi questionado se tenciona candidatar-se às eleições presidenciais de 2026, tendo garantido que, neste momento, não está a pensar nesse assunto.
"Não é assunto no qual eu pense no dia de hoje. (...) Neste momento, o que me interessa é concentrar-me no que disse aqui hoje", disse, afirmando que hoje só quis "chamar a política, os cidadãos a um debate que tenha como temas a liberdade, o futuro e os direitos humanos".
Sampaio da Nóvoa foi candidato independente nas presidenciais de 2016, tendo obtido na altura 22,88%, numas eleições que foram ganhas na primeira volta por Marcelo Rebelo de Sousa, com 52%.