Ao abrigo do acordo, que demorou várias semanas a ser fechado, Friedrich Merz, o líder da União Democrata Cristã, de centro-direita, deverá tornar-se o próximo líder da Alemanha, substituindo o chanceler cessante Olaf Scholz.
Os partidos envolvidos enviaram um convite para uma conferência de imprensa sobre o acordo de coligação, a realizar às 15:00.
O bloco bipartidário composto pela União Democrata Cristã (CDU) e pela União Social Cristã (CSU) venceu as eleições alemãs de 23 de fevereiro, tendo Merz recorrido aos social-democratas, o partido de centro-esquerda, de Scholz, para formar uma coligação com maioria parlamentar.
O acordo foi anunciado na terça-feira à noite pela estação televisiva NTV e a edição 'online' da revista Focus, citando fontes próximas das partes.
De acordo com os meios de comunicação alemães, os dois partidos concordaram em reduzir a carga fiscal sobre as empresas. Depois do acordo ser aprovado, os três partidos precisam de votá-lo antes de Friedrich Merz possa ser eleito como chanceler no Parlamento alemão.
O ministério dos Negócios Estrangeiros deverá ficar com a CDU pela primeira vez em quase 60 anos. O nome apontado é Johann Wadephul. O cargo de vice-chanceler deverá ser ocupado por Lars Klingbeil. O ministério do Interior fica nas mãos de Alexander Dobrindt da CSU, partido irmão da CDU na Baviera.
No ministério da Defesa deverá manter-se o nome mais popular da política alemã, Boris Pistorius, do SPD. Na educação, Dorothee Bär é o nome para já indicado.
O SPD vai agora pedir aos seus mais de 357 membros que votem por correio a aprovação da coligação. No último fim de semana de abril, a CDU deverá reunir o um comité composto por membros do Conselho Executivo do partido, bem como representantes das associações e delegados estaduais. Na CSU é a direção do partido a decidir.
Merz espera poder ser eleito chanceler a 07 de maio depois da nomeação do presidente Federal Frank-Walter Steinmeier e da votação no Bundestag.
As partes negociadoras foram pressionadas pela urgência desencadeada pela situação nos mercados internacionais depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado a imposição de tarifas internacionais, que para os países da União Europeia (UE) chegam aos 20%.
"Isso aumenta a pressão para agir", realçou o ministro das Finaças, Jörg Kukies, em declarações hoje de manhã à Deutschlandfunk.
Os resultados mais recentes das sondagens, que dão um empate à CDU e ao partido de extrema-direita, AfD, também terão tido impacto na urgência da União em selar um acordo de coligação.
A Alemanha, a maior economia da UE e a terceira maior do mundo, está em recessão há dois anos, com o Produto Interno Bruto (PIB) a contrair 0,3% em 2023 e 0,2% em 2024.
O bloco conservador venceu as últimas eleições alemãs com 28,6% dos votos, à frente da AfD (20,8%), do SPD (16,4%), dos Verdes (11,6%) e da Esquerda (8,8%).
[Notícia atualizada às 12h17]
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