O juiz distrital dos EUA, Jeb Boasberg, exigiu respostas depois de voos que transportavam imigrantes venezuelanos, alegados pela administração Trump como membros de gangues, terem aterrado em El Salvador depois de o juiz ter bloqueado temporariamente as deportações ao abrigo de uma lei de guerra do século XVIII.
Boasberg tinha ordenado ao governo que fizesse regressar os aviões que já estavam no ar quando ordenou a interrupção, noticiou a agência Associated Press (AP).
Jeb Boasberg deu à administração até ao meio-dia de hoje (16:00 em Lisboa) para fornecer mais detalhes sobre os voos ou fazer uma alegação de que deveriam ser retidos porque prejudicariam "segredos de Estado".
A administração resistiu ao pedido do juiz, considerando-o como uma expedição de "pesca judicial desnecessária".
Numa ordem escrita, Boasberg classificou a última resposta das autoridades de Trump como "lamentavelmente insuficiente".
O juiz disse que a administração "evadiu-se novamente das suas obrigações" ao simplesmente repetir "as mesmas informações gerais sobre os voos".
E ordenou que a administração "mostrasse causa" para justificar porque não violou a sua ordem judicial de devolução dos aviões, aumentando a possibilidade de poder considerar a responsabilização dos funcionários da administração por desacatos em tribunal.
O Departamento de Justiça disse que as instruções verbais do juiz não contavam, que apenas a sua ordem escrita precisava de ser seguida e que não podia ser aplicada a voos que já tinham saído dos EUA.
Um porta-voz do Departamento de Justiça disse hoje que "continua a acreditar que o questionamento supérfluo do tribunal sobre informações confidenciais de segurança nacional é um exagero judicial inapropriado".
Um funcionário do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA disse ao juiz hoje que o governo precisava de mais tempo para decidir se invocava o privilégio dos segredos de Estado, num esforço para bloquear a divulgação da informação.
Boasberg ordenou que os responsáveis de Trump apresentem até sexta-feira uma declaração jurada de uma pessoa "com envolvimento direto nas discussões a nível de gabinete" sobre o privilégio dos segredos de Estado e informem o tribunal até à próxima terça-feira se o governo o invocará.
Num conflito cada vez mais profundo entre os poderes judicial e executivo, Trump e muitos dos seus aliados apelaram ao 'impeachment' [processo de destituição, em português] de Boasberg, que foi nomeado para o tribunal federal pelo presidente democrata Barack Obama.
Numa rara declaração no início desta semana, o presidente do Supremo Tribunal, John Roberts, rejeitou tais recursos, dizendo que "o impeachment não é uma resposta apropriada a um desacordo sobre uma decisão judicial".
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