Em declarações à EFE, a fonte, que pediu para não ser identificada, disse que a Presidência da República Democrática do Congo (RDCongo) disse que o Presidente Felix Tshisekedi propôs ao seu homólogo norte-americano, Donald Trump, o acesso a minerais chave para as empresas tecnológicas em troca da ajuda para combater e derrotar os rebeldes Movimento 23 de março (M23), apoiados pelo Ruanda.
"Ainda não há nada oficial. O chefe de Estado respondeu a uma proposta que lhe foi feita pelo governo norte-americano. Mas a RDCongo ainda não decidiu sobre essa proposta de acordo no setor mineral", disse a fonte do Departamento de Comunicação da Presidência democrático-congolesa.
"Os EUA precisam dos minerais e, em troca, comprometer-se-iam a proteger o leste do país e a apoiar a RDCongo nos seus esforços de desenvolvimento", acrescentou a fonte.
Mas os EUA não são o único país interessado num acordo para aceder aos minerais da RDCongo, sublinhou a mesma fonte.
"Muitos países", explicou, "estão a lutar por esse acordo. O Qatar está à frente, uma vez que também utiliza o Ruanda como intermediário e fornecedor de minerais da RDCongo.
"É precisamente por isso que o Qatar foi o primeiro a aproveitar a oportunidade e a convidar os dois chefes de Estado - da RDCongo e do Ruanda - para discutir o assunto cara a cara", salientou.
A fonte referia-se ao encontro que Felix Tshisekedi e o seu homólogo ruandês, Paul Kagame, tiveram na terça-feira no Qatar, onde discutiram o conflito no leste da RDCongo e reafirmaram o seu empenhamento num "cessar-fogo imediato e incondicional".
Nesta reunião, realizada em Doha, o emir do Qatar, Tamim bin Hamad Al-Thani, atuou como mediador.
"Ainda não se sabe com quem a RDCongo vai assinar este acordo. Mas o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já tinha levantado a voz sobre este acordo", insistiu a fonte presidencial.
Para além dos EUA, acrescentou, "há países como a Bélgica, a Grã-Bretanha, a China, a Rússia e vários outros. É claro que o governo democrático-congolês está à espera que todos os candidatos façam uma declaração oficial, o que lhe dará tempo para avaliar e decidir com quem concluir este acordo, porque será um compromisso em que todos ganham".
A fonte fez estes comentários depois de o jornal norte-americano The Wall Street Journal ter publicado, na quarta-feira que, numa carta dirigida a Trump em 08 de fevereiro, Tshisekedi lhe ofereceu oportunidades de exploração mineira para o "fundo soberano" que o Presidente republicano tinha mandado criar alguns dias antes.
Nessa carta, o líder democrático-congolês sublinhava que a sua parceria com a RDCongo proporcionaria aos EUA "uma vantagem estratégica" ao assegurar minerais essenciais como o cobalto, o lítio, o cobre e o tântalo.
Em contrapartida, Tshisekedi apelou a um "pacto de segurança formal" para ajudar o exército a derrotar o M23, um grupo que, segundo a ONU e países como os Estados Unidos, a Alemanha e a França, é apoiado pelo Ruanda.
O M23 controla atualmente as capitais das províncias de Kivu Norte e Kivu Sul, que fazem fronteira com o Ruanda e são ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.
A RDCongo e Ruanda fornecem juntas cerca de metade do coltan do mundo, um mineral essencial para o fabrico de telefones e outros aparelhos eletrónicos.
Em particular, o tântalo - extraído do coltan - e o cobalto são minerais fundamentais utilizados por gigantes da tecnologia como a Apple, a HP e a Intel.
O Wall Street Journal refere que a carta foi enviada por um banqueiro que aconselha empresas mineiras na RDCongo ao gabinete de Trump, que a transmitiu ao Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
Leia Também: Mota-Engil assina parceria com DP World para construir porto na RDCongo