Polícia turca usa balas de borracha contra apoiantes de opositor preso

A polícia turca usou hoje balas de borracha e gás lacrimogéneo contra uma manifestação convocada pelo Partido Republicano do Povo (CHP), do presidente da câmara de Istambul e opositor do Governo, que foi preso na quarta-feira.

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Lusa
20/03/2025 19:21 ‧ ontem por Lusa

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Turquia

A repressão da manifestação foi testemunhada pela agência France-Presse (AFP) junto da sede da autarquia da cidade turca, onde se concentraram milhares de pessoas em protesto contra a detenção, no dia anterior, de Ekrem Imamoglu.

 

Segundo a AFP, não há ainda registo de feridos.

A agência descreve que a polícia procurava bloquear um grupo de jovens manifestantes que seguiam em direção à Praça Taksim, o local emblemático do protesto, e que estava completamente barricada.

Empoleirado num autocarro, o presidente do CHP, Özgür Özel, que tinha convocado a concentração, interpelou a polícia.

"Não quero ver aqui balas de borracha. Caso contrário, a polícia de Istambul será responsabilizada pelo que acontecer", alertou.

"Quem são vocês para despejar gás na esperança da Turquia?" continuou, acompanhado de vaias da multidão que pedia a demissão do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

Ekrem Imamoglu, que se encontra sob custódia policial desde quarta-feira, apelou hoje à justiça turca para reagir e "não permanecer em silêncio", numa mensagem divulgada pelos seus advogados.

"Devem erguer-se e agir contra o punhado de colegas que devastaram o sistema judicial turco, nos desonraram perante o mundo inteiro e esmagaram a nossa reputação", disse Imamoglu nas redes sociais.

O autarca referia-se aos juízes que a oposição política acredita estarem a agir sob as ordens de Recep Tayyip Erdogan, segundo a agência espanhola EFE.

"Não podem nem devem permanecer em silêncio", desafiou o político social-democrata.

Imamoglu, 53 anos, foi detido após uma rusga na sua residência, na madrugada de quarta-feira, no âmbito de uma investigação sobre alegada corrupção e ligações terroristas.

Foram igualmente detidas várias outras personalidades, incluindo dois presidentes de câmara distritais.

A Turquia ocupou em 2024 o 117.º lugar entre 142 países no Índice do Estado de Direito do projeto independente World Justice Project.

Imamoglu também acusou Erdogan de ter enriquecido ilegalmente durante a carreira política, que começou como presidente da câmara de Istambul (1994-1998), depois continuou como primeiro-ministro e, desde 2014, como Presidente da Turquia.

O autarca acusou Erdogan de usurpar o futuro dos seus filhos, a propósito da decisão de um juiz, a pedido do Ministério Público, de confiscar a empresa da família de Imamoglu.

Na terça-feira, na véspera da detenção, a Universidade de Istambul, uma instituição pública, anulou o diploma de bacharelato de Imamoglu, impedindo-o de facto de se candidatar à presidência.

A obtenção de um diploma de ensino superior é um requisito para ser chefe de Estado.

Milhares de estudantes universitários marcharam hoje em Istambul, desafiando a proibição de protestos e manifestações na cidade durante quatro dias imposta pelo Governo.

O CHP realiza no domingo as primárias para escolher o candidato presidencial, que deveria ser o autarca de Istambul.

A sessão plenária do parlamento foi suspensa hoje devido aos protestos dos deputados do CHP.

O Conselho Audiovisual turco multou várias estações de televisão críticas do Governo por terem noticiado a detenção de Imamoglu, segundo a EFE.

O Ministério do Interior anunciou a detenção de 37 pessoas por partilharem nas redes sociais conteúdos considerados provocatórios.

Leia Também: EUA instam Turquia a "respeitar direitos" após detenção de rival de Erdogan

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