"Putin deve pagar a conta da guerra que ele próprio iniciou"

O presidente do parlamento ucraniano, Ruslan Stefanchuk, defendeu hoje em Estrasburgo que é o líder russo, Vladimir Putin, e não os contribuintes ocidentais, que tem de "pagar a guerra" por ele desencadeada na Ucrânia.

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Lusa
20/03/2025 18:32 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

"Putin deve pagar a conta da guerra que ele próprio iniciou, não os contribuintes europeus ou americanos", declarou Stefanchuk na reunião dos presidentes parlamentares do Conselho da Europa, em Estrasburgo, França.

 

No seu discurso, o presidente da Verkhovna Rada (parlamento ucraniano) agradeceu o apoio dos países europeus à Ucrânia, numa altura em que os Estados Unidos tentam negociar diretamente uma trégua entre Kiev e Moscovo.

O Conselho da Europa, órgão de fiscalização da democracia e dos direitos fundamentais no continente, reúne 46 países desde a exclusão da Rússia no seguimento da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

A organização criou um registo de danos associados ao conflito com a intenção de ter a oportunidade de encaminhar a fatura para Moscovo.

Stefanchuk apelou à comunidade internacional para que avance no estabelecimento de um "tribunal especial" para julgar os responsáveis ??por crimes relacionados com a invasão da Ucrânia.

Três semanas após uma acesa discussão na Casa Branca entre o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o homólogo norte-americano, Donald Trump, Stefanchuk pediu aos seus colegas europeus que usem os seus "contactos em Washington para partilhar a verdade" sobre a Ucrânia.

"O mundo precisa de ver a extensão do nosso sofrimento, a destruição que estamos a sofrer e a clara diferença entre vítima e agressor", argumentou, acrescentando que os ucranianos "querem a paz mais do que qualquer outra pessoa", mas não estão dispostos a alcançá-la a qualquer preço.

"Para nós, os Estados Unidos serão sempre um parceiro fundamental e um aliado de confiança", afirmou, por outro lado, o presidente do parlamento ucraniano, prestando homenagem ao "papel de liderança do Presidente Donald Trump".

Numa referência às negociações que se avizinham sobre um cessar-fogo, Ruslan Stefanchuk insistiu que Kiev nunca aceitará o controlo russo dos territórios ocupados ou o enfraquecimento do seu Exército, bem como abdicar do direito a escolher os seus aliados.

"A Ucrânia precisa de garantias reais de segurança, não de promessas vãs", frisou, alertando ao mesmo tempo que "não se deve permitir que a Rússia decida o futuro da Ucrânia na NATO".

A Conferência Europeia dos Presidentes dos Parlamentos, que se realiza de dois em dois anos, é subordinada este ano ao tema "Salvaguardar a Democracia".

No encontro, a presidente cessante da câmara baixa do parlamento alemão (Bundestag), Bärbel Bas, realçou que "a Ucrânia não está apenas a lutar pela sua própria liberdade, mas também pelos valores europeus".

Bärbel Bas observou que "os cidadãos da Ucrânia sabem que os inimigos da liberdade e da democracia nunca devem prevalecer", num momento em que os deputados alemães aprovaram um substancial aumento das despesas militares.

"É claro que a Alemanha assumirá totalmente a sua responsabilidade na Europa", comentou ainda.

No mesmo sentido, a presidente da Assembleia Nacional de França, Yaël Braun-Pivet, afirmou que "o povo ucraniano não será forçado a uma paz injusta e instável" nas negociações de Kiev com Moscovo.

A presidente do parlamento francês criticou a "ingerência estrangeira" que "se infiltra, influencia e envenena o debate democrático", apontando em particular a "intervenção americana direta a favor da extrema-direita na Alemanha".

No mês passado, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, apelou aos principais partidos alemães para cooperarem com a extrema-direita, em vez de a ostracizarem, atraindo críticas de Berlim, em pleno processo eleitoral no país, que deu a vitória à direita moderada.

Ucrânia e Rússia anunciaram hoje negociações com os Estados Unidos para segunda-feira na Arábia Saudita para discutir a proposta de um cessar-fogo de 30 dias que o Kremlin quer limitar a ataques a infraestruturas e alvos energéticos.

Esta nova fase de contactos segue-se a telefonemas mantidos esta semana por Donald Trump com Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky.

Leia Também: Zelensky exige que Putin ponha fim a exigências "inúteis"

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