O presidente do STF, Luiz Roberto Barroso, que é instrutor no julgamento, rejeitou o pedido de Bolsonaro para afastar dois dos juízes e a maioria dos juízes do tribunal superior votou no mesmo sentido.
A defesa do ex-chefe de Estado brasileiro argumentou que os juízes Cristiano Zanin e Flávio Dino não seriam imparciais no julgamento, uma vez que tinham apresentado queixas contra Bolsonaro e tiveram ligações a Lula da Silva antes de assumirem os seus cargos no STF.
Cristiano Zanin apresentou pelo menos quatro denúncias perante o órgão eleitoral quando Bolsonaro era candidato à presidência do Brasil contra Lula em 2022: uma por 'fake news' (notícias falsas) e três a pedir direito de resposta.
Na altura, Zanin representava a Federação Brasil da Esperança, que reunia os partidos que apoiaram o candidato do Partido dos Trabalhadores, Lula da Silva, nas eleições de outubro de 2022.
Cristiano Zanin tomou posse como juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil em agosto de 2023, tendo sido antes, durante uma década, advogado pessoal de Lula da Silva, que defendeu nos vários processos por corrupção que este enfrentou no âmbito da operação Lava Jato, a qual levou à prisão dezenas de políticos e empresários por contratos fraudulentos com a Petrobras e outras empresas estatais.
Já Flávio Dino, em 2021, quando ainda era governador do Maranhão, apresentou uma queixa-crime depois de Bolsonaro ter dito que não queria prescindir da Polícia Militar para "tornar a [sua] segurança mais aberta", durante uma visita que iria fazer ao estado do nordeste do Brasil.
Flávio Dino chegou também a ser ministro da Justiça no atual Governo Lula da Silva, tendo ocupado a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) no final de 2023.
A maioria do STF também rejeitou o recurso do ex-ministro Walter Braga Netto, general reformado do Exército acusado de ser um dos líderes do golpe de Estado, que pedia a retirada do juiz Alexandre de Moraes.
A defesa de Braga Netto alegava que uma das acusações em causa é um plano para assassinar Alexandre De Moraes, pelo que o juiz teria de ser afastado, uma vez que não pode ser juiz e vítima ao mesmo tempo.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal já agendou três sessões extraordinárias para os dias 25 e 26 de março, nas quais decidirá se aceita a denúncia de golpe de Estado contra Bolsonaro e outros sete réus e se abre uma ação penal.
A denúncia contra Bolsonaro e o seu círculo íntimo, apresentada em fevereiro pelo Ministério Público, acusava o ex-Presidente e outros 33 suspeitos de tentativa de abolição violenta do Estado de direito democrático, organização para o crime armado e golpe de Estado, entre outros crimes.
A conspiração, de acordo com a acusação, começou depois de o então Presidente ter perdido as eleições de outubro de 2022 para o atual chefe de Estado.
Em 08 de janeiro de 2023, enquanto o novo Presidente brasileiro, Lula da Silva, se encontrava fora de Brasília a visitar a cidade de Araraquara, no estado de São Paulo, que tinha sido atingida por chuvas severas, um grupo de radicais, apoiantes do ex-Presidente Jair Bolsonaro, influenciados por meses de desinformação sobre urnas eletrónicas e medo do comunismo, invadiram e atacaram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.
O ataque em Brasília foi semelhante ao ocorrido nos Estados Unidos por partidários do então ex-Presidente, Donald Trump, derrotado nas urnas, antes da posse de Joe Biden, em 06 de janeiro de 2021.
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