"A deportação forçada e indiscriminada de imigrantes ilegais pelos Estados Unidos contrasta fortemente com as suas tentativas de atacar, difamar e impor sanções contra a cooperação legítima entre outros países em matéria de aplicação da lei. Trata-se de um ato típico de assédio", declarou hoje a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, em conferência de imprensa.
Mao Ning rejeitou o que chamou de "difamação maliciosa" e descreveu as restrições impostas por Washington aos funcionários tailandeses como "ilegais", afirmando que a cooperação entre a China e a Tailândia foi efetuada "no âmbito das leis chinesas e tailandesas, do direito internacional e das normas globais".
Mao argumentou que as 40 pessoas repatriadas "deixaram a China ilegalmente" e ficaram "retidas na Tailândia durante 10 anos".
"O Governo chinês tem a responsabilidade de proteger os seus cidadãos, ajudá-los a reunir-se com as suas famílias e facilitar a sua reintegração na sociedade", acrescentou.
A porta-voz também criticou a posição de Washington, lembrando que, no ano fiscal de 2024, as autoridades norte-americanas deportaram mais de 270.000 imigrantes ilegais de 192 países, o número mais elevado desde 2014.
"Os EUA usam os Direitos Humanos para manipular questões sociais, interferir nos assuntos internos da China e interromper a cooperação normal no âmbito da aplicação da lei", disse.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciou recentemente sanções contra funcionários e ex-funcionários tailandeses pelo seu papel na deportação de 40 membros da minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur para a China, argumentando que Washington está "empenhado em combater os esforços da China para pressionar os governos a deportar à força os uigures e outros grupos" que os EUA dizem enfrentar abusos no gigante asiático.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Tailândia defendeu no sábado a deportação, afirmando que o processo foi realizado "seguindo os princípios humanitários" e reiterou que Banguecoque "esclareceu este assunto em várias ocasiões com os países que manifestaram preocupação", sublinhando que a relação com os EUA deve basear-se no "respeito mútuo".
Nos últimos anos, várias organizações de defesa dos Direitos Humanos e governos ocidentais acusaram a China de reprimir os uigures e de deter milhares de membros da comunidade muçulmana em centros destinados a privá-los da sua cultura.
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