Estudo: Capacidade linguística humana existe há pelo menos 135.000 anos

 Novas evidências genómicas sugerem que a capacidade linguística única dos humanos existia há pelo menos 135.000 anos e que a língua pode ter entrado em uso social há 100.000 anos.

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Lusa
15/03/2025 06:48 ‧ há 4 horas por Lusa

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A espécie humana Homo sapiens tem aproximadamente 230.000 anos. As estimativas da origem da linguagem variam muito, com base em diferentes tipos de evidências, desde fósseis a artefactos culturais.

 

Os autores da nova análise, publicada na Frontiers in Psychology, adotaram uma abordagem diferente, noticiou na sexta-feira a agência Europa Press.

Os cientistas argumentaram que, como todas as línguas humanas têm provavelmente uma origem comum --- como os investigadores acreditam fortemente --- a questão principal é quando é que os grupos regionais começaram a espalhar-se pelo mundo.

"A lógica é muito simples. Todas as populações que se espalham pelo planeta têm uma língua humana, e todas as línguas estão relacionadas ", frisou Shigeru Miyagawa, professor do MIT, nos Estados Unidos, e coautor de um novo artigo que resume os resultados, em comunicado.

Com base no que os dados genómicos indicam sobre a divergência geográfica das primeiras populações humanas, acrescentou: "Penso que podemos afirmar com um grau razoável de certeza que a primeira divisão ocorreu há cerca de 135 mil anos, pelo que a capacidade da linguagem humana deve ter estado presente nessa época, ou mesmo antes".

O novo artigo examina 15 estudos genéticos de diferentes variedades publicados nos últimos 18 anos. Três usaram dados sobre o cromossoma Y herdado, três examinaram o ADN mitocondrial e nove foram estudos do genoma completo.

No geral, os dados destes estudos sugerem uma ramificação regional inicial dos humanos há cerca de 135.000 anos. Ou seja, após o aparecimento do Homo sapiens, grupos de pessoas separaram-se geograficamente e, com o passar do tempo, desenvolveram-se algumas variações genéticas resultantes entre diferentes subpopulações regionais.

A quantidade de variação genética demonstrada nos estudos permite aos investigadores estimar o tempo em que o Homo sapiens era ainda um grupo regionalmente indiviso.

Alguns investigadores propuseram que a capacidade de linguagem remonta a alguns milhões de anos, com base nas características fisiológicas de outros primatas.

Mas, para Miyagawa, a questão não é quando é que os primatas foram capazes de emitir determinados sons, mas sim quando é que os humanos adquiriram a capacidade cognitiva para desenvolver a linguagem tal se conhece atualmente, combinando vocabulário e gramática num sistema que gera um número infinito de expressões baseadas em regras.

"A linguagem humana é qualitativamente diferente porque dois elementos, as palavras e a sintaxe, trabalham em conjunto para criar este sistema muito complexo", destacou Miyagawa.

"Nenhum outro animal tem uma estrutura semelhante no seu sistema de comunicação. E isso dá-nos a capacidade de gerar pensamentos muito sofisticados e comunicá-los aos outros", concluiu.

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