Um francês que estava no corredor da morte numa prisão na Indonésia, desde 2007, está a regressar a França como parte de um acordo entre os dois países "por razões humanitárias", uma vez que se encontra doente.
Serge Atlaoui, de 61 anos, estava acusado tráfico de droga, tendo sido detido em 2005 numa fábrica em Jacarta, onde foram encontrados dezenas de quilos de droga pelas autoridades indonésias, que o acusaram de ser um "químico", de acordo com o jornal francês Le Parisien.
O francês, condenado a prisão perpétua e depois ao corredor da morte, sempre negou as acusações, dizendo que apenas tinha estado na fábrica, que acreditava ser uma fábrica de acrílico, para instalar máquinas industriais.
O regresso ao seu país de origem é motivado por um acordo feito entre França e Indonésia por "razões humanitárias", uma vez que Atlaoui tem cancro e tem recebido tratamento, semanalmente, num hospital.
No entanto, a pedido do francês, a família não estará presente no aeroporto para o receber.
"Pensei que ia estar mais calma, mas estou muito abalada. Há muita alegria, estamos ansiosos por vê-lo. Este regresso é um milagre. Ele sobreviveu 19 anos e a uma execução", afirmou a esposa de Serge Atlaoui, citada pelo Le Parisien, acrescentando que o quer ver em liberdade.
Quando aterrar no seu país, o francês vai encontrar-se com procuradores e "deverá permanecer detido", enquanto se "aguarda por uma decisão sobre a sua sentença", esclareceu o advogado, citado pela Associated Press, acrescentando que "vai trabalhar para garantir que a sentença seja adaptada" para que Serge Atlaoui possa ser libertado.
Será Paris a decidir se concede clemência, amnistia ou uma sentença reduzida a Serge.
De recordar que, em dezembro de 2024, o ministro indonésio dos Assuntos Jurídicos e dos Direitos Humanos afirmou que tinham recebido uma "carta oficial", enviada pelo ministro da Justiça francês, "a solicitar a transferência de Serge Atlaoui".
Na altura, o O advogado de Atlaoui, Richard Sédillot, indicou "ter esperança considerável de que a sua pena possa agora ser comutada e que a sua transferência possa então ser ordenada".
O francês deveria ter sido executado, juntamente com outros oito condenados, em 2015, mas obteve um adiamento temporário.
Depois de Paris ter intensificado a pressão, as autoridades indonésias concordaram em deixar um recurso pendente seguir o seu curso.
A Indonésia, que possui uma das legislações mais rigorosas do mundo em matéria de luta contra a droga, tem atualmente 530 pessoas no corredor da morte, incluindo 96 estrangeiros, de acordo com dados oficiais.
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