Presidente argentino aproveita posse de Trump para pedir ajuda financeira

O Presidente argentino, Javier Milei, tenta este domingo em Washington afinar um novo acordo financeiro com o Fundo Monetário Internacional, antes da posse do aliado Donald Trump, de quem espera o impulso para uma ajuda crucial para o seu país.

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© Tomas Cuesta/Getty Images

Lusa
19/01/2025 07:15 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

Argentina

"Teremos um acordo com o FMI para o qual o Presidente Trump dará muito apoio e fará muita pressão a favor da Argentina. Será um crédito indispensável para normalizar a economia argentina, permitindo que cheguem os investimentos que estão decididos para a Argentina, mas que não se materializaram por falta de condições económicas", disse à Lusa Diego Guelar, ex-embaixador da Argentina na União Europeia, no Brasil, na China e duas vezes nos Estados Unidos.

 

A partir das 15:00 de Washington (20:00 em Lisboa), Javier Milei e o seu ministro da Economia, Luis Caputo, estarão com a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva. O objetivo é obter um acordo financeiro que inclua, pelo menos, 11.000 milhões de dólares.

O Governo argentino referiu que a reunião foi pedida pelos próprios funcionários do organismo de crédito, interessados em afinar os pormenores do empréstimo com o próprio Milei.

Logo após a reunião com o FMI e ao longo do dia de amanhã, enquanto Milei participa das cerimónias da posse do amigo Trump, oa seua ministroa da Economia e dos Negócios Estrangeiros terão reuniões bilaterais com membros do novo governo norte-americano com o objetivo de persuadir a administração republicana a apoiar o pedido argentino de ajuda financeira.

Os Estados Unidos são o sócio principal do Fundo Monetário Internacional e o novo governo Trump, próximo de empresários das tecnológicas, também pode abrir as portas para investimentos diretos norte-americanos na Argentina.

O novo crédito visa permitir que o Governo argentino abra o mercado de câmbio e ponha fim às restrições de acesso à moeda estrangeira e ao movimento de capitais. Com a proibição herdada do governo anterior, os investimentos diretos externos destinados à produção ficam impedidos de chegar à Argentina porque ninguém entra num país de onde depois não possa sair.

Para acabar com a proibição, Milei precisa de uma almofada de dinheiro capaz de evitar uma corrida cambial contra o peso argentino que ponha em risco o seu plano económico e a própria governabilidade. As reservas internacionais do Banco Central da Argentina estão negativas, impedindo que o governo abra a economia por temer uma fuga de capitais e a consequente desvalorização da moeda.

"A eliminação das restrições cambiais depende do apoio internacional que Milei obtiver. Se ele conseguir aumentar as reservas do Banco Central, esse caminho fica livre porque, se houver uma corrida cambial, o governo poderá enfrentá-la, intervindo no mercado. Milei depende da ajuda externa para normalizar a economia e para que o seu plano económico dê certo", afirma à Lusa o ex-vice-ministro da Economia e ex-diretor do Banco Central, Gabriel Rubinstein.

O FMI tem sido reativo a conceder empréstimos para financiar a fuga de capitais. Além disso, o peso argentino foi a moeda que mais se valorizou no mundo ao longo de 2024 (+44%), fazendo com que o dólar esteja acessível no país; o que facilitaria uma corrida cambial em caso de um choque externo sobre a economia argentina.

"Ainda não está claro em que condições haverá dinheiro para a Argentina e se esse dinheiro poderá ser usado para intervir no mercado em caso de necessidade", adverte Rubinstein. Milei e Trump são aliados estratégicos. Trump convidou para a sua posse aqueles Presidentes com os quais tem afinidade ideológica. Da América Latina, além de Milei, foram convidados o salvadorenho Nayib Bukele e o equatoriano Daniel Noboa. A mexicana Claudia Sheinbaum, por mais que seja vizinha, ficou de fora.

"Trump tem apenas três amigos na América Latina, sendo o mais próximo Javier Milei. É provável que a sua política internacional seja a de ajudar os amigos e de ignorar ou mesmo de castigar aqueles que não o são. Com essa regra de jogo, a Argentina de Milei pode ser beneficiada", acredita o embaixador Diego Guelar.

Na sexta-feira passada (17), o FMI divulgou as suas Perspectivas Económicas Globais nas quais prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina cresça 5% em 2025 e outros 5% em 2026, depois de uma queda de 3,6% em 2024.

"Estamos a ver uma mudança significativa para a economia argentina em 2025 em comparação com 2024, ano no qual foram implementadas medidas de contração realmente fortes, especialmente ficais (ajuste de 5% do PIB), para conter a inflação. Foi uma conquista impressionante", sublinhou o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas.

Há uma semana, a diretora-gerente do organismo, Kristalina Georgieva, usou o mesmo adjetivo.

"O caso mais impressionante na história recente é a Argentina, onde os efeitos foram profundos, com a implementação de um sólido plano de estabilização e de crescimento", disse, num sinal favorável para as negociações com a Argentina.

Na terça-feira (21), pelo segundo ano consecutivo, Milei embarca à Suíça para, em Davos, expor no Foro Económico Mundial perante os líderes da economia internacional. O presidente vai exibir as conquistas do seu feroz ajuste fiscal e tentar seduzir por investimentos entre os 125 principais empresários do mundo.

Leia Também: Argentina encerra 2024 com o primeiro excedente orçamental em 14 anos

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