ONG diz ter detido cerca de 300 fieis ao regime de Bashar al-Assad

Cerca de 300 pessoas foram detidas no espaço de alguns dias na Síria pelas forças de segurança das novas autoridades, anunciou este domingo uma ONG, no âmbito das operações de segurança contra as "milícias" de Bashar al-Assad.

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© OMAR HAJ KADOUR/AFP via Getty Images

Lusa
29/12/2024 11:52 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Síria

Na quinta-feira, as forças de segurança do novo Governo instalado pelos rebeldes islamitas lançaram uma vasta operação contra as "milícias" de Bashar al-Assad.

 

"Em menos de uma semana, cerca de 300 pessoas foram detidas em Damasco e nos seus subúrbios, nas regiões de Homs, Hama, Tartous, Latakia e mesmo em Deir Ezzor", disse hoje à AFP, Rami Abdel Rahmane, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Entre as pessoas detidas encontram-se "informadores dos antigos serviços de segurança do regime, homens armados leais ao regime e pró-iranianos, soldados e oficiais de baixa patente, que foram encontrados a cometer assassínios e atos de tortura", disse Rami Abdel Rahmane, cuja organização tem uma vasta rede de fontes e parceiros em toda a Síria.

"A campanha ainda está em curso, mas nenhuma personalidade conhecida foi detida" -- disse -, com exceção do general Mohammed Kanjo Hassan, chefe da justiça militar durante o regime de Bashar al-Assad que, segundo os ativistas, executou milhares de sentenças de morte na sequência de julgamentos sumários contra os detidos na prisão de Saydnaya.

O OSDH revelou ainda ter documentado a morte de um total de 59.725 pessoas sob tortura e maus-tratos nas prisões do regime deposto de Bashar al-Assad desde o início da revolução no país, em 2011.

A ONG afirmou em comunicado que, dessas pessoas, pelo menos 10.885 casos puderam ser documentados "com nomes" após o derrube do regime de Bashar al-Assad, há três semanas, cujos serviços de segurança deixaram para trás documentos que revelam o martírio dos detidos.

Com estes dados, o número total de pessoas que perderam a vida nos "centros de detenção" que a ONG conseguiu documentar "nominalmente" desde o início da revolução, há quase catorze anos, "ascende a 59.725, entre as mais de 105.000 pessoas que, segundo o observatório, morreram dentro das prisões".

De acordo com o observatório, nestas prisões "os detidos enfrentavam as mais horrendas formas de tortura física e psicológica, desde espancamentos brutais, choques elétricos e arrancar de unhas, até à privação de comida e de sono".

A ONG instou a comunidade internacional a "tomar medidas urgentes e concretas para garantir que os autores de torturas e assassínios sob tortura (...) sejam responsabilizados. Estes julgamentos devem ter lugar em território sírio e sob a supervisão de organismos internacionais independentes.

Na sequência de uma ofensiva relâmpago, uma coligação de rebeldes armados, dominada por islamitas, entrou em Damasco a 08 de dezembro, obrigando o antigo Presidente a fugir e marcando o fim de mais de 50 anos de domínio absoluto do clã Assad.

No sábado, o novo chefe dos serviços secretos, Anas Khattab, prometeu um plano de reestruturação de todo o aparelho de segurança, denunciando a "injustiça e a tirania do antigo regime, cujas agências de segurança semearam a corrupção e infligiram torturas" ao povo.

Leia Também: Síria. Chefe da secreta anuncia dissolução de todos os ramos de segurança

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