Yoon acusado de autorizar exército a abrir fogo para impor lei marcial

O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, autorizou o exército a abrir fogo para entrar no parlamento no início de dezembro, durante a tentativa de impor a lei marcial, segundo um relatório do Ministério Público consultado hoje pela AFP.

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© Kim Jae-Hwan/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Lusa
28/12/2024 09:14 ‧ há 15 horas por Lusa

Mundo

Coreia do Sul

"Ainda não entraste? O que estão a fazer? Arrombem a porta e tirem-nos de lá, mesmo que seja preciso disparar", disse a 03 de dezembro, durante uma chamada telefónica com o comandante militar de Seul, Lee Jin-woo, que se encontrava perto do parlamento, segundo a procuradoria.

 

O Ministério Público divulgou aos meios de comunicação social o relatório de acusação contra o antigo ministro da Defesa Kim Yong-hyun, apontado como a pessoa que pressionou o Presidente Yoon a impor a lei marcial.

Segundo o relatório, com 10 páginas, o Presidente sul-corenano também ordenou ao chefe da contraespionagem militar, general Kwak Jong-keun, que "entrasse rapidamente" no parlamento.

"Tirem as pessoas do interior da assembleia, destruam as portas com um machado, se necessário", disse ainda Yoon Suk Yeol. No relatório aponta-se ainda que o Presidente tinha discutido a lei marcial com oficiais militares superiores já em março.

Enquanto os deputados se apressavam em rejeitar a lei marcial na madrugada de 04 de dezembro, o Presidente Yoon disse a Lee que a declararia "uma segunda e terceira vez".

O advogado do Presidente, Yoon Kab-keun, garantiu à AFP que as informações fornecidas pelo Ministério Público eram tendenciosas e não correspondiam "nem a factos objetivos nem ao senso comum".

Num discurso proferido em dezembro, Yoon afirmou que não estava a considerar uma segunda tentativa de declarar a lei marcial e pediu desculpa pela "angústia e inconveniência".

A origem do tumulto sem precedentes iniciou-se com a decisão de Yoon em decretar a lei marcial a 03 de dezembro e apenas por algumas horas.

Yoon acabou deposto pelos deputados no passado dia 14 e foi substituído por Han Duck-soo, até então primeiro-ministro.

No entanto, os deputados sul-coreanos votaram na sexta-feira a destituição de Han Duck-soo, acusando-o de ter "participado ativamente na insurreição" após a tentativa falhada do antecessor de introduzir a lei marcial.

A Coreia do Sul não tem leis específicas sobre a destituição de um Presidente em exercício e o PPP apresentou uma petição ao Tribunal Constitucional, que tem agora um máximo de 180 dias para rever a votação, assim como a destituição de Yoon.

Na sexta-feira, registou-se uma pré-decisão judicial sobre Yoon, que sendo destituído levará a eleições num prazo de 60 dias. Yoon e outros são objeto de investigações separadas por acusação de rebelião, abuso de poder e outros crimes relacionados com o decreto da lei marcial.

Leia Também: Segunda deposição presidencial traz nova turbulência na Coreia do Sul

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