"A FINUL está seriamente preocupada com os numerosos ataques contra as Forças Armadas libanesas em território libanês, apesar da sua declarada não participação nas hostilidades em curso entre o Hezbollah e Israel", afirmou a missão da ONU em comunicado.
Um bombardeamento israelita no domingo contra um quartel na zona costeira sul do Líbano provocou a morte a um soldado libanês e fez outros 18 feridos, alguns com gravidade.
O Exército israelita manifestou o seu "arrependimento" pelo ataque num comunicado, referindo que "ocorreu numa área de operações de combate ativas contra a milícia do Hezbollah" e que o caso está a ser investigado.
Segundo a FINUL, citando informações fornecidas pelas Forças Armadas Libanesas, foi registada "uma série de ataques israelitas nas últimas semanas que causaram perdas de pessoal, danos em instalações e destruição de propriedade", em ações que "custaram a vida a 45 soldados".
Os capacetes azuis salientaram que estes ataques "constituem uma flagrante violação da resolução 1701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas", que pôs fim à guerra de 2006 entre o Hezbollah e Israel, bem como do direito internacional humanitário, que impede "o uso da violência contra aqueles que não participam nas hostilidades".
Além disso, insistiu que o Exército libanês "continua vital" para a plena implementação da resolução 1701, que estipula o envio de tropas regulares libanesas para o sul do país, e lembrou que o texto aprovado pelo Conselho de Segurança em 2006 "é essencial para acabar com a violência em curso", que foi intensificada por Israel nos últimos dois meses.
"Continuamos profundamente alarmados com a escalada das hostilidades e a destruição generalizada e perda de vidas ao longo da Linha Azul", disse a FINUL, referindo-se à sua zona de atuação, que serve de tampão entre as forças israelitas e o Hezbollah, ao mesmo tempo que insta as partes "a resolverem as suas diferenças através de negociações, e não através de violência".
De acordo com o Exército Libanês, a maioria dos seus soldados que morreram foi resultado da intensa campanha de bombardeamentos israelitas desde 23 de setembro, seguida por uma invasão terrestre do sul do Líbano no início de outubro.
Tanto o Governo libanês como grande parte da comunidade internacional condenaram os ataques de Israel contra posições do exército, que assiste pessoas deslocadas e realiza trabalhos de resgate em regiões afetadas pela violência.
Após quase um ano de trocas de tiros ao longo das regiões transfronteiriças entre os dois países desde 08 de outubro de 2023, um dia depois de o grupo islamita palestiniano Hamas ter atacado o sul de Israel, as forças israelitas deslocaram em setembro passado foco das suas operações da Faixa de Gaza para o Líbano.
O último fim de semana foi marcado por grande violência, em consequência de fortes bombardeamentos israelitas no sul e leste do Líbano, além de um ataque no centro de Beirute, que deixou cerca de 30 mortos.
Em resposta, o Hezbollah lançou cerca de 250 'rockets' contra Israel, incluindo a periferia de Telavive.
Segundo o Ministério da Saúde Publica libanês, pelo menos 3.754 pessoas morreram no país desde outubro de 2023, a maioria nos últimos dois meses, em resultado do conflito entre Israel e o Hezbollah, e acima de 1,2 milhões de habitantes estão deslocados.
Do lado israelita, 82 militares e 47 civis foram mortos em 13 meses de hostilidades.
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