A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses reagiu, em comunicado, à marcação do ato eleitoral pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, na sequência da crise política que levou à demissão do Governo PSD/CDS-PP.
"O ato eleitoral tem de ser aproveitado por quem trabalha e trabalhou para derrotar esta política de direita e abrir as portas a uma alternativa que garanta e eleve os direitos dos trabalhadores e dos reformados, dos jovens e de todos os que vivem no nosso país", destacou.
Para a central sindical, deve ser adotada "uma política que implemente soluções aos problemas crescentes, que afirme um novo modelo de desenvolvimento, soberano, que promova a produção nacional, o aumento geral e significativo de todos os salários, um sistema fiscal mais justo e a defesa e reforço do SNS [Serviço Nacional de Saúde], da Escola Pública, da Segurança Social e, entre outros, da habitação".
Destacou também que "a mobilização e o esclarecimento dos trabalhadores para a construção de um novo rumo para o país exige a intensificação da luta pela valorização do trabalho e dos trabalhadores, por uma efetiva distribuição da riqueza por eles produzida, compatível com a recuperação e melhoria do poder de compra dos salários e pensões, a perspetiva de evolução nas carreiras e o reconhecimento das profissões, a regulação dos horários e a redução do tempo de trabalho, o fim da precariedade".
A CGTP apontou que após um ano em funções, o Governo PSD/CDS-PP "continuou e aprofundou a política de privilégio para os grandes grupos económicos e financeiros que acumulam lucros recorde".
"Com o apoio da IL [Iniciativa Liberal] e do CH [Chega] nas matérias fundamentais, o governo optou por uma política que não só não resolve, como agrava os problemas com que os trabalhadores e as suas famílias se debatem. Um governo que contou com o PS para viabilizar o seu Programa e o Orçamento do Estado para 2025 e cuja política manteve e acrescentou mecanismos que contêm os salários para aumentar a exploração, como é exemplo o Acordo Tripartido celebrado com patrões e a UGT", frisou ainda.
A CGTP lembrou ainda que, com a marcação de eleições legislativas antecipadas, a Manifestação Nacional dos Jovens Trabalhadores, no dia 28 de março em Lisboa e a Manifestação Nacional, em Lisboa, Porto e Coimbra no dia 05 de abril, "ganham ainda maior importância".
Marcelo Rebelo de Sousa anunciou hoje, numa comunicação ao país a partir da Sala das Bicas no Palácio de Belém, a terceira dissolução da Assembleia da República nos seus mandatos.
O chefe de Estado considerou "inevitável" que o tema que originou a crise política - a vida patrimonial e profissional do primeiro-ministro - ocupe parte do debate eleitoral, "em particular nas primeiras semanas".
No entanto, defendeu, "seria um desperdício imperdoável não discutir aquilo que tanto preocupa o dia-a-dia dos portugueses nestes e nos próximos tempos".
"Impõe-se que haja um debate eleitoral. Claro, frontal, esclarecedor, mas sereno. Digno, elevado, tolerante, respeitador da diferença e do pluralismo", pediu.
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