Destituição de administrador do Novo Banco não afeta 'ratings' do banco

A Morningstar DBRS considera que a destituição de Carlos Brandão do Conselho de Administração do Novo Banco não têm atualmente impacto nos respetivos 'ratings' de crédito, já que as transações suspeitas detetadas são alheias à atividade do banco.

Notícia

© iStock

Lusa
08/01/2025 10:49 ‧ há 18 horas por Lusa

Economia

DBRS

"A questão suspeita não está relacionada ou associada ao banco ou às suas operações e não afeta as contas ou transações dos clientes, as finanças ou a atividade do banco, as suas operações comerciais ou o seu sistema de gestão de risco", refere a agência de notação financeira num comentário divulgado hoje.

 

"Consequentemente -- acrescenta - a Morningstar DBRS não tem razões para considerar, nesta fase, que o anúncio do Novo Banco afete a nossa análise dos 'building blocks' do banco, nem existem fatores ESG [relacionados com a governação corporativa] significativos ou relevantes a considerar".

De acordo com a análise da DBRS, o Novo Banco "agiu em total coordenação e cooperação com todas as autoridades relevantes": "Descobriu as transações financeiras suspeitas, iniciou a investigação, informou as autoridades reguladoras e de supervisão do Banco Central Europeu e do Banco de Portugal e apresentou uma queixa ao Ministério Público", concretiza.

Ainda assim, a agência de 'rating' afirma que "continuará a monitorizar quaisquer consequências adicionais do incidente", nomeadamente "se o Novo Banco ou as autoridades de supervisão eventualmente considerarem necessário que o banco faça alterações aos seus controlos internos".

"Também estaremos atentos às perspetivas de uma rápida substituição permanente para ocupar o cargo de CRO [responsável de Riscos, do inglês 'Chief Risk Officer'], dada a importância da função de risco", refere, notando que o diretor executivo Mark Bourke assumirá interinamente estas funções.

Em 25 de setembro de 2024 a Morningstar DBRS elevou a notação do Novo Banco para BBB com tendência estável, refletindo "a rápida melhoria do desempenho em vários pilares, incluindo a capacidade de geração de resultados, o perfil de risco e a capitalização do banco".

O Conselho de Supervisão do Novo Banco aprovou na terça-feira a destituição com justa causa de Carlos Brandão do cargo de membro do Conselho de Administração e responsável de Riscos, com efeitos imediatos, após operações financeiras suspeitas, segundo informação ao mercado.

"Esta decisão foi tomada no seguimento da identificação, através de processos internos do Banco, de operações financeiras suspeitas realizadas na sua esfera pessoal, as quais deram origem a uma denúncia às autoridades", lê-se na nota enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Segundo confirmou à agência Lusa fonte ligada ao processo, após nota da Procuradoria-Geral da República (PGR), Carlos Brandão foi constituído arguido por suspeitas de branqueamento e falsificação.

"No âmbito de inquérito dirigido pela 4.ª Secção do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), estão a ser realizadas diligências de busca para identificação e apreensão de documentos e outros meios de prova de interesse para a descoberta da verdade", anunciou a PGR, em nota publicada na sua página oficial.

Em causa, refere, poderão estar "factos suscetíveis de constituírem a prática de crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e falsificação por parte de um administrador do Novo Banco".

No comunicado ao mercado, o Novo Banco detalhou que as operações em causa não estão relacionadas nem envolvem, "de forma alguma", a instituição e, por isso, "não têm qualquer impacto nos clientes, em contas ou operações de clientes, na posição financeira ou na atividade do Banco, nas suas operações comerciais, no sistema de gestão de riscos nem nos seus colaboradores".

Após ter detetado a situação, o banco levou a cabo uma investigação interna e apresentou denúncia ao Ministério Público, que resultou na abertura de uma investigação que está em curso.

A instituição reportou também a questão ao regulador da banca e à autoridade de supervisão competente nesta matéria.

Carlos Brandão juntou-se ao Novo Banco como diretor coordenador do Departamento de Risco em julho de 2017 e, em agosto de 2022, foi nomeado como membro executivo do Conselho de Administração.

Foi também presidente executivo do Bankinter em Portugal e desempenhou funções no Banco Santander e no Barclays.

Leia Também: Novo Banco. Ex-administrador suspeito de lavar dinheiro da Guiné-Bissau

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas