O jornal britânico The Guardian publica, esta quinta-feira, uma extensa reportagem acerca da caminhada de Ruben Amorim como treinador que o levou do Casa Pia ao Manchester United em pouco mais de meia dúzia de anos.
Pedro Russiano, amigo de Amorim, é um dos dois intervenientes nesta reportagem e recordou os tempos em que se cruzou com o agora treinador do Manchester United nas camadas jovens do Benfica. Na altura, ambos eram orientados por José Morais.
"Às vezes ele [Morais] punha o Ruben a lateral-direito ou a defesa-central ou a médio, a médio-defensivo ou a 8 ou a 10, e ele sabia sempre jogar nessa posição. Ele sabia jogar em todas as posições e acho que isso o ajudou a tornar-se um treinador inteligente, porque foi sempre um jogador inteligente em campo e isso é muito importante para a nossa inteligência enquanto treinadores", começou por dizer o treinador do Lusitano de Évora.
"Não sei se será um sucesso em Manchester, mas chega ao Manchester United com os jogadores em baixo, como aconteceu quando foi para o Sporting. É uma coisa especial o facto de o Ruben aceitar o Manchester United. Ele está preparado para isto", frisou.
José Embaló também participa nesta reportagem. O ainda jogador cruzou-se com Amorim no Casa Pia e recordou o momento em que este deixou Lisboa para rumar a Braga.
"Quando ele disse em frente ao grupo que se ia embora, vi 10, 12 colegas de equipa a chorar. Fui apertar-lhe a mão e abraçá-lo, e ele disse: 'Tenho muita pena, mas continua a trabalhar. Nunca se sabe o que a vida nos espera'. Ele faz parte da família, trata-nos com todo o respeito. Naquela altura, olhávamos para ele como um irmão mais velho que sabe muito de futebol e o amor que se vê nos seus olhos, o amor que ele tem pelo futebol", frisou.
"Ele pôs-me no banco durante um jogo e, dentro de mim, eu ficava muito zangado. Mas não o demonstrei. Ele chamou-me para o lado e disse: 'Olha, José, eu sei o que sentes, mas isso não importa. Não te preocupes com isso, preciso mesmo de ti neste jogo, mas vindo do banco'. Isso foi uma mudança. Comecei a apreciá-lo mais. Ele fez-me sentir que, quando estava no banco, eu era mais importante do que quem estava a começar", recordou.
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