"O lançamento inicial será no KickStarter, numa edição com capa dura, e um ano depois faremos uma edição de capa mole", revelou o editor executivo numa sessão exclusiva de lançamento na conferência WonderCon, que termina hoje em Anaheim.
"Nunca tínhamos feito nada assim", disse Tom Moran, vice-presidente de produção na Scott Free, explicando que foi o criador Jesse Negron que levou a ideia à produtora de Ridley Scott.
O realizador não esteve presente na WonderCon, mas os responsáveis explicaram que está muito envolvido no desenho e desenvolvimento da história, que se passa num mundo distópico em 2169.
Modville é o nome de um bairro em Nova Orleães em que vivem os Humanos Artificiais ('mods'), andróides com pele, unhas, dentes e cabelo humano.
"Eles são impossíveis de distinguir dos humanos", descreveu Jesse Negron, que teve a ideia original e se apressou a garantir que este mundo não tem nada a ver com "Blade Runner".
Por isso mesmo, não há planos para transformar 'Modville' em filme. "Esta história, na sua forma mais pura, é uma novela gráfica", apontou. "O material que queríamos explorar é difícil".
O protagonista de 'Modville' é um humano chamado Hawtorne, que sofre de stress pós-traumático porque o seu trabalho é usar uma máquina que permite reviver as memórias de assassinos e vítimas quando um crime é cometido.
Depois, contou Negron, há uma Humana Artificial de 19 anos chamada Ema, que de repente perde a memória de seis dias da sua vida e pede ajuda a Hawtorne para descobrir o que aconteceu.
A equipa situou a ação em Nova Orleães por causa do seu ambiente gótico sulista, onde coisas estranhas acontecem e há muito misticismo. A escolha do ano baseou-se na ideia de que haveria um ressurgimento nostálgico dos anos 50 em 2150, e que nos anos seguintes algo correria progressivamente mal.
Estão previstos oito livros para a série de novelas gráficas com 200 páginas cada, estando o primeiro já pronto. Negron construiu todo o expositor da Mechanical Cake, que promoveu 'Modville' na WonderCon, incluindo uma mota eletromagnética que lhe deu problemas com a cidade de Los Angeles. "Tinha-a estacionada à porta de casa e fui multado duas vezes por não ter registado a mota, que é apenas um adereço", contou, rindo.
O levantar do véu sobre este novo projeto de Ridley Scott -- que terá mais duas séries em desenvolvimento, "Hyde" e "Nick" -- acontece numa altura difícil para a banda desenhada, com mudanças na indústria e um movimento de censura nos Estados Unidos, que está a proibir títulos nas escolas e bibliotecas.
Esse foi um dos temas da WonderCon, conferência anual de banda desenhada, ficção científica e cinema que serve como prelúdio à Comic-Con de San Diego, sendo realizada pela mesma organização.
Com milhares de participantes em Anaheim, que ao longo de três dias passearam em 'cosplay' (vestindo-se como personagens de bandas desenhadas, séries, filmes ou videojogos), a WonderCon serviu para mostrar novos projetos e juntar fãs e criadores de vários universos.
Por exemplo, foram discutidos os dróides das séries Star Wars 'Skeleton Crew' e 'Obi-Wan Kenobi', os próximos filmes e séries de 'O Senhor dos Anéis' e ainda a terceira temporada da série animada da Prime Vídeo, que causou sensação, 'Invincible'.
Aconteceu também a 11ª edição da 'Women Rocking Hollywood', com dados sobre a participação de mulheres na indústria e projetos de realizadoras e produtoras no feminino.
A WonderCon começou na sexta-feira, 28 de março, e termina hoje na cidade do sul da Califórnia.
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