"Garotices" em forma de "vandalismo"? As reações às tarjas do Chega na AR

O protesto do Chega violou as regras da Assembleia da República e há quem pondere avançar com uma queixa-crime contra o partido de André Ventura. Fique a par das reações.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Notícias ao Minuto
30/11/2024 08:10 ‧ há 2 semanas por Notícias ao Minuto

Política

Chega

Em dia de votação final global do Orçamento do Estado na Assembleia da República (AR), o Chega violou as regras do Parlamento, que não permitem a colocação de publicidade na fachada, e pendurou nas janelas faixas sobre o fim dos cortes de salários dos políticos. O presidente da AR, José Pedro Aguiar-Branco, classificou o ato como "vandalização política" e "falta de respeito" pelo "património do Estado".

 

Após um momento de tensão e acesa troca de palavras, o PS pediu a suspensão dos trabalhos enquanto não fossem retiradas as tarjas, mas a Assembleia da República votou contra e a votação do Orçamento do Estado para 2025 prosseguiu.

Ainda assim, Aguiar-Branco avisou o Chega de que, se o partido não retirasse as faixas, os bombeiros acabariam por fazê-lo. O partido não acatou a ordem e, por volta das 11h00 de sexta-feira, os Sapadores Bombeiros de Lisboa confirmavam ao Notícias ao Minuto que estavam a caminho do Parlamento.

Aguiar-Branco pede a Chega para tirar

Aguiar-Branco pede a Chega para tirar "publicidade" da AR. "Vandalização"

Apesar de salientar que não é razão para "arrombar a porta", presidente da Assembleia da República garante que se o partido não retirar as faixas colocadas hoje, os bombeiros irão fazê-lo, realçando que é uma "falta de respeito" pelo "património do Estado".

Natacha Nunes Costa | 10:11 - 29/11/2024

Já no local, os bombeiros chegaram a montar uma grua para aceder às janelas e retirar as faixas colocadas na fachada principal do Palácio de São Bento, mas não tiveram de intervir. Quando se aproximaram, as tarjas começaram a ser puxadas por elementos do partido, entre os quais o líder, André Ventura, a partir do interior do edifício.

Um "alerta de forma clara" que pode levar a queixa-crime

O líder do Chega, André Ventura, justificou o protesto contra o fim do corte nos vencimentos dos políticos com o objetivo de alertar de "forma clara para o que se está a passar", mas os restantes partidos condenaram a atitude.

Do lado do Governo, o ministro das Finanças defendeu que se perdeu "demasiado tempo" e acabou por se fazer "o jogo daqueles que usam o Parlamento para os seus ganhos políticos".

Joaquim Miranda Sarmento, considerou, esta sexta-feira, em declarações na SIC Notícias, que "perdemos todos demasiado tempo - e o tempo é o recurso mais escasso que temos - a discutir (...) garotices", ao referir-se às ações do Chega durante a manhã.

"Se todos os partidos decidissem agora ocupar a fachada do Parlamento, na parte das instalações que lhes estão atribuídas, passava a ser uma espécie de 'Benetton' com não sei quantas cores. É essa transfiguração daquele edifício que tem 200 anos de história parlamentar que queremos?", questionou.

Chega na AR?

Chega na AR? "Perdemos todos demasiado tempo a discutir garotices"

O ministro das Finanças defendeu, esta sexta-feira, que "perdemos demasiado tempo e fazemos o jogo daqueles que usam o Parlamento para os seus ganhos políticos”, em comentário às ações do Chega, esta manhã. Teceu ainda acusações, no âmbito do OE, aos partidos da oposição - PS e Chega - que "condicionaram 2025".

Notícias ao Minuto | 23:06 - 29/11/2024

O líder do PS, Pedro Nuno Santos, acusou os deputados do Chega de serem um "bando de delinquentes" que trouxe anarquia ao Parlamento, desrespeitando a democracia.

Já o PAN, afirmou que o Chega "não deve ficar inconsequente" e pondera apresentar uma queixa-crime contra o partido de André Ventura, tendo já decidido levar esta questão à reunião da conferência de líderes. A porta-voz do partido, Inês Sousa Real, lembrou que o "estatuto dos deputados prevê, inclusive, a suspensão" nestes casos.

À Direita, o líder da Iniciativa Liberal viu as tarjas na AR como "um ato de vandalismo", "infantilidade" e "falta de respeito" de "quem não respeita o património do país, não respeita a história de Portugal". Rui Rocha chegou mesmo a acusar os 50 deputados do Chega de se comportarem "como uma turma de repetentes".

O Bloco de Esquerda, por sua vez, reagiu nas redes sociais, por intermédio da deputada Joana Mortágua. A bloquista escreveu no X (ex-Twitter) que "depois do numerozinho", o Chega "decidiu gozar com os bombeiros, retirando cada faixa à medida que as escadas de incêndio alcançavam as janelas".

Do lado de fora da Assembleia da República, os manifestantes da CGTP, que se manifestavam por aumento dos salários, defesa dos serviços públicos e pelo direito à Saúde, Educação e Habitação, também criticaram as tarjas do Chega quando os bombeiros chegaram ao local.

Leia Também: Aprovado primeiro OE do Governo de Montenegro (com abstenção do PS)

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